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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Onde foi que erramos?

Landa relata em seu livro “O Modelo Social do Antigo Testamento” a experiência que ela viveu assistindo a um programa de televisão quando um entrevistador apresenta uma análise da cidade de Dallas no Texas, apresentando a mesma como a cidade americana com a maior porcentagem de cristãos evangélicos presentes em uma igreja no domingo. Ele então propõem um estudo e análise para comprovar se de fato a presença cristã interfere na vida da sociedade para melhor. Para tristeza nossa, o estudo revela que o crime, sistema social falido, doenças, as discrepâncias na economia, a injustiça racial, tudo desqualificava aquela comunidade no quesito qualidade de vida adequada.

Ela então perguntou:
Como poderia uma comunidade cristã se encontrar em um estado tão abominável? Como o evangelho poderia resultar num caos assim?

Em suas viagens pela África, Landa também observa que o evangelho que foi pregado nas nações africanas não estava transmitindo a mensagem completa já que não estava mudando a situação de pobreza, injustiça, doenças e corrupção nestes países. Ela então conclui que embora a Igreja estivesse fazendo um bom trabalho em abordar as questões espirituais e pregar a salvação não estava obedecendo o mandado de Deus de discipular nações.

Surge então a pergunta: Como podemos discipular nações? Será que Deus nos deu alguma orientação sobre isso na Bíblia?

Landa relata em seu livro como Deus abriu seus olhos para os ensinos que a Bíblia traz para cada aspecto da vida. Ela entendeu que deveria escutar gravações da Bíblia inteira de Gênesis a Apocalipse. Ao ouvir o livro de Deuteronômio, ela então começa a descobrir algo que não tinha percebido em tantas outras leituras da Bíblia. Ali, Deus estava ensinando a Moisés sobre a Lei civil. Moisés estava formando um governo. Haviam passagens sobre economia, saúde, família. Que revelação! Deus estava ensinando Moisés a discipular uma nação!

Tantas outras vezes a leitura destas passagens eram apenas interpretadas com verdades espirituais, relacionadas a nossa salvação, ao pecado, a oração, justiça e batalha espiritual. Mas agora ela começou a perceber que ali estava um povo vivendo um fato real, em situações de real necessidade, de desafios e limitações, era literalmente um processo de discipulado de nação.

O povo de Israel cresceu de uma tribo de 70 pessoas para mais de 3 milhões de pessoas em 430 anos. Eles agora saiam do Egito após mais de 300 anos de serviço escravo e levaram consigo tudo o que podiam carregar, mas era só isso, pense um pouco sobre a situação do povo de Israel neste contexto:

* Eles eram pobres.
* Eles não tinham escolas.
* Eles não tinham governo.
* Eles não tinham economia.
* Eles não tinham território.
* Eles não tinham Exército.
* Eles não tinham Industria.
* Eles não tinham uma Religião
* Eles tinham um espírito de pobreza e não possuíam ética de trabalho
* Eles haviam sido oprimidos e vitimizados
* Eles tinham um sistema social subdesenvolvido.
* Eles não tinham Agricultura.

Veja que Israel não estava em uma situação muito favorável, mas mesmo assim, Deus fala para esse povo o seguinte: “vocês não são uma nação, mas eu farei de vocês uma nação.” (Deut.4:20; 14:2). Ele promete fazer deles uma grande nação. (Deut.4:5-8) Observe o contraste das características de Israel após um período aproximado de 300 anos para ver o que Deus fez através do discipulado desta nação. Observe:
* Eles tinham leis.
* Eles eram economicamente prósperos.
* Tinham uma arquitetura e arte brilhantes.
* Tinham sabedoria e educação superior.
* Um de seus reis, Salomão, foi um grande cientista.
* Eram até admirados pelos seus antigos dominadores, os egípcios.
Veja o relato que uma rainha de outra nação fala do Rei de Israel, Salomão:

“Então ela disse ao rei: Tudo o que ouvi em meu país acerca de tuas realizações e de tua sabedoria é verdade. Mas eu não acreditava no que diziam, até ver com os meus próprios olhos. Na realidade, não me contaram nem a metade; tu ultrapassas em muito o que ouvi, tanto em saberdoria como em riqueza.” (1 Reis 10:6-7)

Deus cumpriu sua promessa e fez de Israel uma grande nação! Se isso foi possível uma vez nas piores condições possíveis, será que também não pode ser possível hoje em qualquer nação na face da Terra que siga esse modelo de discipulado? Mas como isso foi feito?

O Modelo do Antigo Testamento

Landa propõem que assim como Deus nos deu o Novo testamento com os exemplos de Jesus e Paulo para a evangelização e alcance de todas as tribos, línguas e nações, Ele nos deu Moisés e os relatos do Velho testamento para nos ensinar como discipular uma nação, já que o próprio Jesus nos ordenou que fizéssemos isso (Mat.28:18-20).

Através de um estudo detalhado do livro de Deuteronômio, Landa observou algumas esferas de influência que moldam as nações. Assim ela buscou verificar na Bíblia se essas áreas são realmente relevantes no discipulado de uma nação. As áreas que ela observou foram:

Governo, Economia, Família, Ciências (incluindo Tecnologia), Artes e Entretenimento, Comunicação, Educação, e Igreja.

Vamos ressaltar aqui alguns destes:

Governo

Deuteronômio 1:9-18 nos ensina sobre governo. No verso 13 descobrimos que Deus espera que os membros de uma tribo escolham seus próprios líderes. Isso significa representação. A tribo escolhe quem irá representá-los. No verso 14 descobrimos que o povo também reconhece essa liderança, isso é aprova e aceita tal representatividade. Isso nos ensina que nos moldes Bíblicos existe dois elementos básicos para o estabelecimento de um governo justo, e eles são um processo de eleição e consenso. Isto pode ser encontrado em várias formas de governo, e não é sinônimo de democracia, mas é um padrão a ser seguido.

Nos versos 16 e 17 aprendemos sobre leis e o sistema jurídico. Basicamente aprendemos aqui que o sistema deve ser IMPARCIAL (sem fazer distinções quanto a nacionalidade, cor ou crença) e que deve fornecer um processo de apelação. Permitindo decisões jurídicas para questões grandes ou pequenas. Modelo Bíblico para serem ensinados como princípios políticos.

Economia

O texto de Deut.15:1-10 nos fala bastante sobre dinheiro. Vamos olhar os versos 1, 4, 6 e 8. Aqui encontramos princípios bem básicos sobre como lidar com nossas finanças.

No verso 1 aprendemos que no final de 7 anos as dívidas devem ser canceladas. Isso nos mostra como Deus não desejava que seu povo vivesse debaixo do jugo de dívidas indefinidamente. Havia um limite, havia um período de 7 anos nos quais devedor e quem emprestou deveriam ter um acordo para liquidar a dívida neste período.

No verso 4 lemos que não haverá pobre algum entre o povo de Israel contanto que o povo obedeça em tudo ao Senhor. Mas observe para quem é dirigida esta palavra, é para o governo? Não, foi diretamente para a nação toda. Moisés está exortando o povo a não permitir que houvesse pobreza entre o povo; é uma responsabilidade da sociedade.

No verso 6 aprendemos que não apenas no nível pessoal, mas também no nível de uma nação, o povo deve andar dentro de suas limitações financeiras, dentro do seu orçamento. A nação deve ser responsável em buscar em Deus a provisão para suas necessidades e não se colocar em uma situação de dependência de outras nações devido a ganância. Se Israel confiasse em Deus e obedecesse suas ordens, eles seriam prósperos ao ponto de emprestar aos outros e não precisar tomar emprestado. Mas o ponto principal aqui é manter-se dentro dos limites orçamentários da nação, tendo em Deus e nos recursos que Ele concedeu a nação sua fonte de renda.

Por fim no verso 8 aprendemos sobre generosidade. Deus não é contra empréstimos, mas Ele estabeleceu limites para que os empréstimos sejam cercados de medidas justas e de possível pagamento. O pobre poderia receber emprestado, desde que tivesse condições de pagar em 7 anos. E quem emprestava deveria também considerar a possibilidade de precisar doar o valor, caso por motivos maiores o devedor não tivesse mais condições de pagar.

Ciências e Saúde

Aqui vou deixar um exercício para vocês:
Leia o capítulo 23 de Deuteronômio e encontre ali algum princípio que se enquadra na área da Saúde ou Ciências.

Inventário Nacional
Deuteronômio 28 nos serve como um termômetro para avaliarmos como vai indo nossa nação. Será que poderíamos identificar no nosso Brasil alguma destas bênção ou maldições? Para que lado estaríamos mais propensos?

Discipule as Nações

Para que possamos realmente discipular uma nação será preciso que tenhamos uma boa dose de compromisso com a Palavra de Deus e uma profunda vida devocional. Assim nos conta a História da Igreja e os reformistas nos demonstraram isso. Sem uma dedicação ao estudo e a descoberta das jóias preciosas que encontramos nesta mina, a Palavra de Deus, jamais poderíamos encontrar respostas para todas as questões que nos confrontam em cada área da vida. Graças a Deus que os princípios estão todos aí, a nossa disposição para serem encontrados, e aplicados para o discipulado de nações. É um privilégio vivermos num tempo como esse, quando temos ao nosso dispor as Escrituras Sagradas, a revelação escrita e também o Espírito Santo, o Deus vivo entre nós para nos revelar o que possamos não compreender por nós mesmos. Resta a nós respondermos a Deus com o verdadeiro compromisso de obediência, devoção e dedicação para que junto com a revelação de Deus, juntos possamos discipular as nações.