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quinta-feira, 14 de julho de 2011




AS TÁBUAS DO TABERNÁCULO

Pr. Bartolomeu de Andrade

Viamão/RS, fevereiro de 1991




“Farás também as tábuas do tabernáculo de madeira de cetim, que estarão levantadas. O cumprimento de uma tábua será de dez côvados1, e a largura de cada tábua será dum côvado e meio. Duas couceiras terá cada tábua, travadas uma com a outra: assim farás com todas as tábuas do no meio das tábuas, passando duma extremidade até à outra.

E cobrirás de ouro as tábuas, e farás de ouro as suas argolas, para meter por elas as barras: também as barras, as cobrirás de ouro. Então levantarás o tabernáculo conforme ao modelo que te foi mostrado no monte.”tabernáculo.

E farás as tábuas para o tabernáculo assim: vinte tábuas para a banda do meio-dia, ao sul. Farás também quarenta bases de prata debaixo das vinte tábuas: duas bases debaixo duma tábua para as suas duas couceiras, e duas bases debaixo doutra tábua para as suas duas couceiras.

Também haverá tábuas ao outro lado do tabernáculo, para a banda do norte. Com as quarenta bases de prata: duas bases debaixo duma tábua, e duas bases debaixo doutra tábua, e ao lado do tabernáculo, para o ocidente, farás seis tábuas.

Farás também duas tábuas para os cantos do tabernáculo, de ambos os lados; e por baixo se ajuntarão, e também em cima dele se ajuntarão numa argola. Assim se fará com as duas tábuas: ambas serão por tábuas para os dois cantos.

Assim serão as oito tábuas com as suas bases de prata, dezesseis bases: duas bases debaixo duma tábua, e duas bases debaixo doutra tábua.

Farás também cinco barras de madeira de cetim, para as tábuas dum lado do tabernáculo. E cinco barras para as tábuas do outro lado do tabernáculo; como também cinco barras para as tábuas do outro lado do tabernáculo, de ambas as bandas para o ocidente. E a barra do meio estará no meio das tábuas, passando duma extremidade até à outra. E cobrirás de ouro as tábuas, e farás de ouro as suas argolas, para meter por elas as barras; também as barras as cobrirás de ouro. Então levantarás o tabernáculo conforme ao modelo que te foi mostrado no monte.


Introdução

Como todos sabem, o Povo de Deus viveu por quatrocentos anos no território egípcio, mantido, boa parte deste tempo, num regime escravo. Deus comissionou Moisés para comandar a retirada do povo daquela situação, conduzindo-o para a Terra Prometida. Essa caminhada pelo deserto tem passagens marcantes, como a travessia do Mar Vermelho, a retirada da água de uma rocha, etc., e também a construção do tabernáculo, um templo que era montado e desmontado à medida em que a viagem acontecia. É sobre o tabernáculo que estaremos refletindo hoje, sua criação, seu significado, o que ele nos deixa de ensino para nossa vida espiritual.

Deus, um arquiteto

Este texto é importante porque fala do edifício de Deus. Quando se diz que Deus é o arquiteto do universo, acreditamos ter certa parcela de verdade, apesar de não ser uma afirmação tipicamente evangélica. Pelo menos, o que se vê na Bíblia é que Deus realmente é um edificador, um construtor, um arquiteto. Existe uma quantia considerável de edifícios feitos por Deus na Terra, quando instruía pessoas, seus servos, pessoas que estavam diante dEle, como a arca de Noé, a Tenda da Congregação, e o próprio templo de Salomão, chamado “O Grande Santuário”. Essas obras foram feitas pela instrução de Deus, sob Sua direção.

O projeto

Conforme lemos, as tábuas eram ligadas por travessas que atravessavam argolas, de tal maneira que as tábuas se erguiam e se desmontavam, porque o povo estava em permanente caminhada pelo deserto. Hoje em dia, essa construção seria chamada de pré-moldada.

Havia uma nuvem que guiava o Povo de Deus, havia o testemunho de Deus, havia a luz de Deus que os guiava. Quando a nuvem se levantava, o povo entendia que era hora de marchar. Tudo se desmontava e era transportado até outro local designado. Quando a nuvem baixava de novo, entendiam que era hora de parar, montar acampamento, dar uma parada naquela trajetória. Assim, o tabernáculo acompanhava o Povo de Deus, montando-se e desmontando-se. Era um templo portátil.

O significado das tábuas

Observe, pelo texto, que a ênfase é dada às tábuas! Quando nos referimos às tábuas, embora de maneira precária, estamos nos referindo ao tabernáculo, ao próprio santuário, pois a junção das tábuas compunha o tabernáculo propriamente dito. Se não existissem as tábuas, não existiria o tabernáculo, pois era o esqueleto da sua montagem que dava sustentação à construção toda.

Essas tábuas são importantes para nós porque seu significado diz respeito diretamente a cada um de nós. Desejamos iniciar este estudo dizendo que essas tábuas simbolizam cada um de nós, que nós somos individualmente essas tábuas do tabernáculo. E nós, juntos, reunidos, em nome de Jesus, formamos o tabernáculo, o edifício de Deus na face da Terra.

Vocês podem ver pelo número de tábuas, que era em número considerável: 48 tábuas, todas em pé, dando estrutura para a edificação. Nós, hoje, fazemos parte desse edifício! Imaginemos nós todos reunidos, abraçados diante de Deus, e Deus se movendo através de nós, simplesmente porque nós estamos aqui, juntos, de mãos dadas!

Se não estivéssemos aqui, essas paredes não diriam nada! Esse lugar só é importante porque nós estamos aqui! O tabernáculo só estava de pé porque havia 48 tábuas a sustentá-lo! Juntos formamos o edifício de Deus. Reunidos como estamos, Deus se revela, se manifesta. Figurativamente, nós somos as tábuas do tabernáculo, formando o edifício onde Deus vai se manifestar, onde vai aparecer, onde vai mostrar os Seus propósitos.

Essas tábuas devem ser ajustadas, porque a Bíblia faz um registro exato do comprimento das mesmas, da sua largura (v.16). Não é uma questão de amontoar algumas tábuas, reuni-las em algum lugar. Eram tábuas preparadas, bem confeccionadas, que tinham a mesma medida; só assim elas poderiam ficam juntas umas das outras. Isso era importantíssimo!

Essas tábuas de cetim, que estavam ali montadas, nem sempre estiveram ali. Um dia elas faziam parte de uma floresta, e os homens foram em busca delas, sendo cortados os seus troncos. Artistas hábeis fizeram esses troncos se transformarem em tábuas apropriadas, medidas precisamente, de modo que pudessem se juntar umas às outras num mesmo objetivo, para que viessem a ter a sua utilidade no tabernáculo do Senhor.

Eu penso que nós, quando estávamos aí pelo mundo, servindo a Satanás, distantes da Palavra de Deus, éramos como esses troncos, essas árvores em estado bruto, áspero. Foi Deus, com Seu machado poderoso, quem nos derrubou por terra. Um dia caímos aos pés de Jesus, tocados por esta Palavra verdadeira, por esta espada que penetra até o espírito e a alma, separando-as, pois Deus separa juntas e medulas. Um dia nós caímos do alto do nosso egoísmo, do nosso orgulho, golpeados pelo machado, pela espada da Palavra. Só a partir daí começou o imenso trabalho de Deus em cada um de nós, pois quando tudo de nós cai por terra, tudo se faz novo.

E as nossas vidas começam a ser trabalhadas pelo Senhor... A exemplo das tábuas do tabernáculo, elas foram sendo cortadas dos bosques, e os troncos foram sendo trazidos para uma casa especial, onde mãos de artistas iam alisando essas tábuas, lixando, cortando, aparando, recortando... Elas tiveram que ser encaixadas naquele projeto de Deus. Ele estabelecera tudo: o tabernáculo teria que ser de madeira específica, e as tábuas teriam que ter o mesmo comprimento e largura. Somente assim essas tábuas poderiam fazer o seu papel, poderiam compor o edifício.

A mesma coisa acontece conosco, irmãos. Se continuarmos com essas diferenças que existem entre nós, não vai haver condições de nos unirmos uns aos outros, de nos completarmos, para que Deus se manifeste poderosamente. Saiba que Deus quer se manifestar, quer falar no nosso meio, mas Ele espera que cada um de nós assimilemos o Seu tratamento, que nos curvemos diante d’Ele, para que tenhamos as mesmas medidas. Que possamos nos encostar uns nos outros sem que aconteça nenhum atrito, sem problema ou dificuldade alguma! Enquanto tivermos uma medida diferente do outro irmão, o tabernáculo não poderá ser montado e usado. E, caso teimemos em montar o tabernáculo assim mesmo, com essas diferenças de medidas, seu visual será feio, deixará muito a desejar, e a garantia de que ele vai permanecer de pé, será mínima. O plano inicial não vai funcionar.

Imagine o tabernáculo feito diretamente com os troncos brutos, sem passar por aparas nem lixamentos, cheios de nós, com todas as imperfeições e protuberâncias... Imagine chegar alguém no tabernáculo, e olhar o nível daquela parede! O desnível seria flagrante e as distorções estariam gritantes! Porém, quando alguém chegava diante do tabernáculo do Senhor, via uma construção perfeita, ajustada, porque cada tábua tinha a mesma medida que a outra; nenhuma aparecia mais do que a outra.

Nós precisamos refletir sobre isso, irmãos! Nós temos um Deus que nos guia, e nós temos que nos ajustar à direção desse Deus! Primeiramente, temos que entender que ninguém é superior a ninguém. As tábuas tinham o mesmo comprimento, a mesma largura e a mesma altura. Não havia uma tábua sequer diferente das outras. Nem maior, nem menor.

A metáfora é clara. Só há uma pessoa maior em nosso meio: Jesus Cristo. Nenhum de nós é melhor do que ninguém. Todos temos as mesmas medidas, pelos menos aos olhos de Deus. E isso basta! É o que importa!

Pode ser que alguém caia na asneira de pensar que é melhor do que os outros, mas, para Deus, temos a mesma importância, apesar das diferenças provenientes das nossas individualidades, das funções exercidas. Pode ser que alguns apareçam mais do que os outros por causa das funções que ocupam na Igreja, mas aos olhos de Deus temos a mesma importância, somos as mesmas pessoas. Afinal, não é a Bíblia que diz que Deus não faz acepção de pessoas ?

Somos as tábuas do tabernáculo, com a mesma altura e o mesmo comprimento, e juntos, uns dos outros, estamos edificando a obra de Deus, estamos construindo a Casa de Deus, estamos erguendo o Tabernáculo de Deus na face da Terra.

Ninguém é superior a ninguém; ninguém é melhor do que ninguém. Somos diferentes, repito, aparecemos mais, os obreiros, em virtude das funções, porque temos uma chamada específica, mas aos olhos de Deus somos iguais. Deus chamou uns para pregar, outros para ministrar, outros para outras funções, e por essas diferenças é que uns aparecem mais do que os outros, mas aos olhos de Deus, a importância é a mesma. É a soma dos trabalhos que faz a obra andar.

Jesus é o supremo Pastor das nossas almas, o Senhor de cada um de nós. Tanto é assim, que a Bíblia diz que em Cristo não há gentio, não há judeu, não há bárbaro, pois somos todos um em Cristo Jesus. Ele está em todos. Ele é por todos. Ele fala através de todos. Assim, nós precisamos ter a mesma altura, a mesma medida ¾ Nós somos um no Senhor Jesus.

A união das tábuas

Agora, eu gostaria de chamar a atenção para a disposição das tábuas, na construção do tabernáculo. Veja que mensagem você pode extrair disso: “Farás também quarenta bases de prata debaixo das vinte tábuas: duas bases debaixo duma tábua para as duas couceiras, e duas bases debaixo doutra tábua para as suas duas couceiras.”

Um pouco antes, no versículo 17, líamos o seguinte: “Duas couceiras (encaixes) terá cada tábua, travadas uma com a outra: assim farás com todas as tábuas do tabernáculo.” Vale a pena relermos o que disse, também, o versículo 16: “O comprimento duma tábua será de dez côvados, e a largura de cada tábua será dum côvado e meio.”

Precisamos refletir um pouco a respeito dessas instruções de Deus a Moisés, para a construção do tabernáculo. Essas tábuas têm dez côvados de comprimento, por um e meio de largura. E você sabe que um e meio não é uma medida exata; um côvado , dois côvados é que seriam medidas exatas.

Mas, como diz o versículo 17, cada tábua tem dois encaixes, na parte superior e na parte inferior, porque as tábuas iam se ligando a partir de cada unidade, unindo-se umas às outras, formando uma só unidade, um só bloco. Assim, depois que uma tábua se unia à outra, elas totalizavam três côvados de largura e aí sim, temos uma medida exata, tanto no comprimento como na largura.

Por que será que Deus estabeleceu as coisas dessa forma ? Foi para que ninguém vivesse isoladamente, para que ninguém tentasse fazer a Sua obra sozinho, para que ninguém reivindicasse para si o controle de todas as coisas. Essa é a forma que achamos de espiritualizar essa ordem de Deus. Afinal, não foi à toa que Deus deu essa ordem! Alguma coisa Ele queria dizer com tudo isso!

Desde o princípio nós fomos feitos para estarmos juntos a outras pessoas. Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só.” (Gn 2:18). E, podem ter certeza, irmãos: o homem não é completo, porque sozinho ele não representa uma medida exata. O homem sempre precisa unir-se a outro para poder se completar, para poder representar algo. O ser humano só se transforma numa medida exata quando ele passa a ter comunhão com alguém, uma comunhão íntima. Não necessariamente que todo homem deva se casar, mas que todo homem deva viver participativamente, viver uma vida em comunhão com os outros, porque sozinho ficaríamos sem proteção, sem amparo. A partir do momento em que aprendemos a nos encaixar uns nos outros, a nos escorar uns nos outros, começamos a fazer a obra de Deus na face da Terra. Só a partir deste momento.

Cada tábua tinha encaixes em cima e em baixo, e elas, juntas, completavam três côvados de largura. E, como se isso não bastasse, elas eram travadas em cima e em baixo, para que não pudessem virar, não pudessem girar nem na parte de cima, nem na parte de baixo. Além de encaixadas, eram assentadas na base que as sustentava e só por isso a construção ficava sólida.

Muitas vezes nós estamos começando a balançar, a girar, prestes a cair, mas aparece um irmão que nos serve de encaixe na parte superior, e nos segura! Quantas vezes estamos prestes a nos desviar dos caminhos de Deus e aparece um irmão amado e nos lembra da importância da Palavra de Deus, e nós encontramos naquelas palavras do irmão uma sustentação para nossas vidas, e nos recolocamos no mesmo lugar que estávamos antes, lugar que Deus preparou para nós. Graças a Deus que sempre existe um irmão, um encaixe que Deus estabeleceu para que nós não estivéssemos sozinhos! Dependemos uns dos outros, precisamos entender isso, colocar isso dentro dos nossos corações!

Não podemos querer centralizar tudo em nossas mãos, impor sempre as nossas idéias. Isso não combina com a vontade de Deus! Por que você acha que quando Jesus comissionou os setenta discípulos, Ele os mandou de dois em dois, conforme vemos em Lucas 10:1 ? É porque uma tábua sozinha não tem uma medida exata, suficiente; ela tem apenas um côvado e meio! Porém, se ela se juntar com outra, as duas formarão uma medida exata e suficiente: três côvados.

Ninguém pode fazer a obra de Deus isoladamente. Precisamos entender que Deus nos chamou para uma vida de corpo, para uma vida de comunhão, de participação mútua, coletiva! Temos que nos humilhar, para assimilar esse projeto de Deus para nossas vidas. O profeta Amós disse que quando dois estão caminhando, um cai e o outro o levanta, e que quando um sente frio, o outro o aquece. A Bíblia sempre nos diz que é melhor dois do que um. Ponha isso no seu coração.

A Bíblia também diz, no texto em que estamos meditando, que as tábuas que tinham um côvado e meio de

largura, deveriam ter encaixes, para que juntas, unidas, formassem uma unidade completa. Assim, 48 tábuas

constituíam uma parede, solidificavam a Casa de Deus, no passado. Nós temos que assimilar essa lição!

Eu mesmo posso dar testemunho pessoal: estava com três anos de ministério e passava por uma luta violenta. Foi quando um companheiro querido de ministério foi ao meu encontro, me abraçou, chorou comigo, e eu consegui encontrar alívio para as minhas dores. Eu sempre digo isso: estou pregando a Palavra de Deus porque Deus usou um amado irmão de ministério, que me deu a mão no momento em que eu mais precisava. Eu estava cambaleando, girando, saindo do lugar, mas louvado seja Deus que encontrei meu encaixe naquele irmão, para que eu pudesse continuar de pé, lutando pela obra de Deus aqui na Terra! Sozinho não se vai para lugar algum! Só iremos para o lugar que Deus estabeleceu para nossas vidas, se aprendermos a nos encaixar uns nos outros.

O elemento divino

Muitas vezes um lado nosso está áspero, e quando tentamos nos encostar em alguém causamos um atrito, um mal-estar. Nesse momento, temos que pedir a interferência da mão disciplinadora do Espírito Santo, para que esse lado possa ser aplainado pelo poder de Deus e possamos, finalmente, nos encaixar a outros irmãos.

Outra coisa importante com relação às tábuas, é mencionada no versículo 20. Diz ali, que depois das tábuas estarem prontas, confeccionadas, elas deveriam ser cobertas de ouro, ou seja: só quando as tábuas estivessem unidas, encaixadas, milimetricamente cortadas e aparadas. Só quando o tabernáculo propriamente dito estivesse erguido é que as tábuas poderiam ser cobertas de ouro.

Biblicamente, irmãos, o ouro representa a glória de Deus, enquanto que a madeira de cetim está representa a natureza humana, que precisa ser aparada pelo Espírito de Deus, acrescida do elemento divino, ou seja, da vida eterna. Que nós tenhamos a vida dentro de nós, que esse elemento que vem do céu seja inserido na nossa natureza humana!

É por isso que eu sempre afirmo: quando alguém recebe a vida eterna, quando alguém de fato é regenerado, salvo, de fato convertido e trabalhado por Deus, essa pessoa não consegue se desviar. Pelo menos, não por muito tempo, pois ela já terá um elemento de Deus inserido na sua humanidade! Há um testemunho de um outro pastor que se desviou, que girou para um lado, para o outro, e não havia encaixes naquele momento para mantê-lo no lugar. Ele caiu, pois não conseguia permanecer de pé. Dentro de três meses ele voltou para a sua congregação, chorando, pedindo que o recebessem de volta, pois o mundo não o tinha recebido. Ele tentou pecar, tentou retornar à velha vida desordenada, mas uma coisa dentro dele rejeitava tudo aquilo, não lhe deixando ter prazer em nada. Disse o pastor que Deus falava com ele. Era a vida eterna que estava dentro dele, inserida dentro de sua própria vida. Coisa séria!

Irmãos, quando saímos do bosque da vida, tendo o machado de Deus nos golpeado e nos jogado por terra, é porque o Espírito Santo já trabalhou nas nossas vidas, já estabeleceu as medidas de Deus: altura, comprimento, largura... Mesmo que voltemos para o mundo, ele nos rejeitará, não nos aceitará mais, pois temos um elemento que não é deste mundo. Imagine como se sentiria uma tábua, lapidada, lixada, totalmente aprimorada, ter que voltar para o meio dos troncos brutos da floresta !!! Ela ficaria totalmente deslocada, fora de lugar!

A Bíblia menciona essa situação muito claramente que aquele que é nascido de Cima, nascido de Deus, nascido do Alto, passa a não ser aceito pelo mundo, que jaz no maligno. I João 3:9) Já viram água se misturando com azeite ? Não conseguem se misturar! O azeite tem outra constituição diferente da água: você mistura, balança, os dois parecem estar formando uma unidade, mas, passados alguns minutos, o azeite já está separado da água, passando a viver sozinho. É o mesmo caso do pastor que mencionamos anteriormente! Pareceu, a princípio, que ele estava se misturando com o mundo, mas passados três meses seu coração começou a rejeitar tudo aquilo que o cercava, começando a ansiar pela volta. O mundo não o aceitava mais! A tábua era bonita demais para dividir o mesmo espaço com troncos tão rudes. Resumindo: o pastor recuperou-se, e hoje é uma bênção na sua Igreja.

O homem deve permitir, portanto, que Deus trabalhe na sua vida, para que ele chegue ao nível desejado, que não possa mais, de jeito nenhum, desviar-se nem para a direita, nem para a esquerda, porque Deus já fez aquela obra básica, profunda, de onde não sairá jamais.

A glória de Deus cobre tudo

A madeira de cetim representa essa humanidade trabalhada por Deus, que está contendo a graça, a glória, o poder, a fé, os valores divinos. Mas agora que essa tábua já está colocada no templo, bem aparada, bem medida, bem encaixada, travada, vem uma outra obra de Deus: “Cobrirás de ouro todas as tábuas do tabernáculo.” O ouro, como já dissemos, representa, em contrapartida, a glória de Deus sobre a nossa humanidade.

Se alguém chegasse ao interior do tabernáculo, depois de montado, e se esse alguém não tivesse acompanhado a montagem e a construção do mesmo, jamais imaginaria que ali havia tábuas, jamais imaginaria que por trás do amarelo do ouro havia tábuas unidas, cortadas, aparadas, medidas, encaixadas, que uma vez fizeram parte de um bosque, mas que agora pertenciam ao Templo de Deus. Eles só veriam o ouro da glória de Deus, e não conseguiriam enxergar as tábuas da humanidade.

Essa foi a última ordem de Deus. Essas tábuas se fenderiam na glória de Deus, se revestiriam desse ouro, e a glória se manifestaria de maneira extraordinária. E ninguém conseguiria ver o trabalho de ninguém, porque apenas Deus seria glorificado, apenas Deus estaria aparecendo, através de um trabalho anônimo e coletivo das pessoas.

No tabernáculo não aparecia mais tábua nenhuma, só o resplendor da glória de Deus. É isso que Deus quer, irmãos: que nós nos encaixemos de tal maneira, que nos unamos de tal maneira, e que a glória de Deus se manifeste a tal ponto que não consigamos olhar para mais ninguém isoladamente! Que não apareça mais o ministério do fulano, a aptidão do cicrano, a habilidade do beltrano... Deus não quer mais isso!

Jesus disse: “Sem Mim, nada podeis fazer.” Tudo isso foi Deus quem nos deu, e, portanto, nada nos pertence! O ouro da glória de Deus tem que cobrir todas as tábuas do tabernáculo e a glória tem que ser dada apenas a Jesus.

A glória não pertence ao homem

Em Isaías 42:8 Deus fala: “A minha glória a outro não a darei...” Nós temos que render glórias ao Senhor! Somos apenas ministros d’Ele, servos, instrumentos em Suas mãos, tábuas unidas a outras tábuas, e cobertas pelo ouro. É por isso que deve aparecer Deus e não o homem! O que precisa acontecer, aparecer, é a glória de Deus e não a habilidade do homem! No dia em que a glória de Deus de manifestar, duvido que você consiga olhar para o homem. ¾ Você só terá olhos para Deus!

No dia em que Isaías viu a glória do Senhor, ele se jogou no pó e nas cinzas; no dia em que seus olhos se abriram, ele se humilhou até o chão, sendo que a partir dali não existia mais reis, príncipes, herdeiros, doutores, diplomas... Jogou-se ao pó e gritou: “Ai de mim, estou perdido e vou morrer, porque meus olhos viram o Senhor e a glória do meu Deus.” Isso está escrito em Isaías 6:5. Naquele momento, voou um anjo com uma tenaz (uma espécie de pinça), trazendo na ponta uma brasa viva do altar, e com ela queimou os lábios de Isaías, dizendo: “Teus lábios estão purificados e teus pecados estão perdoados.” (v.6,7). Ele se levantou e disse: “Estou pronto para o serviço.”

Depois que ele viu a glória, depois que o ouro o cobriu e percebeu que não representava nada, apenas madeira, então Isaías se humilhou, foi purificado e seus pecados foram perdoados. Deus o comissionou e ele foi verdadeiramente profeta de Deus, para falar às nações. Só depois disso!

Glória humana x Glória de Deus

Certa vez, um crente norte-americano estava visitando Londres, e esteve numa grande catedral onde falava um grande pregador, homem eloqüente, estudado. Também havia em Londres uma pequena igreja onde pregava Spurgeon. Chegavam a dizer, naquela época, que quem visitasse a capital inglesa sem assistir a esses dois pregadores, não seria uma visita completa. O visitante assistiu ao grande pregador, no domingo de manhã, e, ao sair, disse maravilhado para sua esposa: Que conhecimento! Que eloqüência! Que homem! No mesmo dia, à tarde, estiveram na igrejinha e, após ouvirem Spurgeon, comentou com a esposa: Que Deus maravilhoso! Que glória! Que Deus! Que glória!

Na catedral, o pregador manifestou a boa madeira, enquanto que na igrejinha Spurgeon mostrou o magnífico ouro de Deus. Um andava na letra que mata, enquanto que o outro andava no Espírito que vivifica! Pensemos nisso! Somos tábuas de um mesmo tabernáculo, temos a mesma importância perante Deus e precisamos uns dos outros. Se não nos encaixarmos uns nos outros, poderemos até aparecer muito para o mundo, mas a glória de Deus estará ausente.

Observação

“Côvado” é uma medida de comprimento usada pelos povos do Antigo Testamento, correspondendo à distância existente entre o cotovelo e a ponta dos dedos. Corresponde, aproximadamente, a 45 centímetros.

Tábua de 10 côvados de comprimento = 4,5 m;

Largura de um côvado e meio ® 67,5 cm