Viva a Palavra TV

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010



FORMATURA DA JOCUM EM TUBARÃO


Nesta quinta-feira (23) a Igreja Batista Palavra Viva teve a honra de sediar uma cerimônia de formatura de missionários da JOCUM, base de Rivera, Uruguai, que passaram o último mês conosco e que terminam agora seu estágio prático. São eles Milena Maria Lopes, de Joinville/SC e Adrian Ferrón Perdomo, de Rivera/URU.

A cerimônia foi presidida pelo Pr. José Lopes de Souza, Coordenador da base JOCUM de Rivera, auxiliado pelos missionários Victor Ogas Astudillo e Leonara Ogas Astudillo, contando com a presença dos pais de Milena e do Pr. Anderson Rodrigues, da Igreja Metodista Internacional, de Joinville.

No meio da cerimônia, foi apresentado um vídeo retratando o estágio prático dos formandos, parte em Tubarão, na nossa Igreja e parte em Belo Horizonte, em outro ministério.

Os membros do Ministério Palavra Viva, que estiveram presentes, confraternizaram muito com os missionários, pois deixaram muitas saudades aqui, pelos momentos que passaram conosco.

sábado, 18 de dezembro de 2010


A TRÍPLICE VISÃO DO SALMO 19



Pr. Bartolomeu de Andrade



Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Sem linguagem, sem fala, ouve-se as suas vozes. Em toda a extensão da terra estende-se a sua voz, e as suas palavras até o fim do mundo. Nos céus pôs uma tenda para o sol, que é qual noivo que sai do seu tálamo, e se alegra, como um herói, a percorrer o seu caminho. A sua saída é desde uma extremidade dos céus, e o seu curso até a outra extremidade deles; nada se furta ao seu calor. (1-6)


A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples. Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos. O temor do Senhor é limpo, e permanece para sempre; as ordenanças do Senhor são verdadeiras, e inteiramente justas. Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; mais doces são do que o mel que goteja dos favos. Por eles é admoestado o teu servo; em os guardar há grande recompensa. (7-11)


Quem pode entender os próprios erros ? Expurga-me Tu dos que me são ocultos. Também da soberba guarda o Teu servo, para que não se assenhoreie de mim; então serei sincero, e ficarei limpo de grande transgressão. Sejam agradáveis as palavras da minha boca, e a meditação do meu coração perante a tua face, ó Senhor, Rocha minha e Redentor meu! (12-14)


Este salmo, que acabamos de ler, é dividido em três partes distintas. Na primeira parte (v.1-6) o salmista Davi fala da natureza que se revela, da grande criação de Deus; na segunda parte (v.7-11), ele fala da Palavra de Deus e da importância dela na criação de todas as coisas; finalmente, na terceira parte (v.12-14) ele quebranta-se diante do Deus Todo-Poderoso.

Fica flagrante a mudança de rumo, a mudança radical. O salmista pára de narrar as palavras do Senhor e põe sua alma na presença de Deus. Pergunta a Deus quem poderia ser capaz de entender seus próprios erros, pedindo a operação de Deus na sua vida, tirando-lhe os pecados ocultos, e também o seu orgulho. Ele encerra sua oração rogando a Deus que receba suas palavras, que entenda os seus propósitos. Termina o salmo em adoração ao Criador da natureza, que nos deu a Sua Palavra.


A beleza da criação


Mesmo que não existisse a Bíblia, nem pregadores da Palavra de Deus, inspirados pelo Espírito Santo, a própria natureza criada por Deus já seria uma Bíblia aberta. Existe muita coisa além desse universo, desse verde, desse céu azul. Na ausência da Palavra Escrita ou falada, a natureza se encarrega de dizer coisas que a maioria das pessoas teima em não perceber, teima em não tomar conhecimento.

Quem não se sensibiliza com um beija-flor procurando pelas flores, com a metamorfose da fotossíntese, com o equilíbrio da natureza enquanto não tocada pelas mãos do homem ? Quem é capaz de não se sensibilizar com o equilíbrio entre a vida e a morte entre os animais, com a natureza seguindo o seu curso normal sem interferência do homem ? Quem não se sensibiliza com o sol nascendo, com a escuridão da noite, com as estrelas e com a chuva ?

É como diz o salmista Davi: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das Suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Sem linguagem, sem fala, ouvem-se as vozes...” Que sensibilidade teve o poeta de Deus ao pronunciar essas palavras! É poesia da mais alta qualidade!

A natureza fala das grandezas de Deus. A criação louva ao seu criador diuturnamente. Alguns cientistas, certa vez, tomaram amostras de flocos de neve de épocas e locais diferentes e constataram não haver igualdade no tipo de neve, de forma alguma. Não se repete o mesmo tipo de neve. Há um Deus por trás disso tudo!

O próprio Jesus falou desse Deus, no seu ministério, quando disse que a chuva e o solo caem sobre os bons e os maus da mesma forma. No “Sermão da Montanha”, Jesus desperta Seus discípulos para observarem os pássaros, os lírios, dizendo que por serem criação de Deus estavam sob a Sua proteção, que Deus os alimentava e vestia diariamente. Concluiu referindo-se à criação maior, que é o homem, que estaria, principalmente ele, sob a Sua potente proteção. (Mt 6:19-34)

Davi foi abençoado pelo Espírito Santo, enquanto observava a natureza. Grandes frases poéticas são ditas ali sob a Sua inspiração. Por exemplo: “...Sem linguagem, sem fala, ouvem-se as vozes da natureza...” Deus fala por trás de cada milagre existente na natureza! No verso 4, a menção “...sol se escondendo numa tenda, qual noivo que sai do seu tálamo e se alegra...” é outra visão poética fantástica, fascinante, inspirada, sem dúvida, pelo Espírito Santo.


A Palavra que cria


A partir do verso 7, o salmista começa a falar da Palavra de Deus, concluindo que tudo foi criado por ela, sob a inspiração do Espírito Santo. Fala da natureza, mas ato contínuo passa a falar de quem criou a natureza: a Palavra de Deus! A partir daí ele fala dos preceitos, das leis, dos mandamentos de Deus, da Palavra que cria todas as coisas; a partir daí ele fala dos juízos do Senhor, que se assemelham às maravilhas da criação, às bênçãos da natureza.

Muitas pessoas se decepcionam com os homens, com suas afirmações, com suas promessas não cumpridas, mas confiar na Palavra de Deus, ao contrário, traz segurança, recompensas. Vemos por aí casais frustrados, acusando-se mutuamente, falhas gritantes de formação, decepções gradativas... Deus, porém, não decepciona, pois Sua Palavra é confiável, uma vez que o Senhor vela por ela! Confie! Deus vai cumprir Suas promessas uma a uma. Creia na Palavra de Deus e você será bem-aventurado.


O quebrantamento inevitável


A partir do verso 12, após a observação das maravilhas da criação, e diante do poder da Palavra Criadora, Davi curva-se diante de Deus. Esquece-se, então, da natureza, da Palavra e quebranta-se, começando a orar.

Aproveitando esta oportunidade, vale registrar, a nível de ensino, que toda ação devocional precisa desembocar em oração, em quebrantamento, sob pena de não conseguir cumprir o seu objetivo. Isaías, no capítulo 6 do seu livro, tem um arrebatamento, e quebranta-se. É assim que funciona! Toda reflexão divinamente inspirada acaba dessa forma. Davi fala das maravilhas da natureza e o Espirito Santo mescla tudo isso com a Palavra. É do casamento entre o Criador e a coisa criada que temos como resultado o louvor, o quebrantamento. Como resultado, afloram os erros conscientes e os inconscientes, erros em duas dimensões.

Observe, que no verso 12 o salmista pergunta: “Quem pode entender os próprios erros ?” Realmente, é uma tarefa muito difícil nos curvarmos diante dos próprios erros. Davi, deparando-se com essa incompreensão, pede socorro do Alto!

Temos que orar pelos erros ocultos, pelos erros que não estão ao nível da consciência, da percepção pessoal! Peçamos por libertação! E aproveitemos para pedir por libertação da soberba, do orgulho, sentimentos que têm impedido pessoas de se aproximarem de Deus, de servi-Lo da forma como Ele quer. “É aos humildes que Deus dá graça” (Tiago 4:6). Pedro disse que devemos nos humilhar diante de Deus, da forma como Jesus nos ensinou. (I Pedro 5:6)

Davi termina o salmo pedindo que Deus veja graça nas suas palavras, na sua oração, no seu quebrantamento, chegando a chamá-Lo de libertador. Pede libertação, que suas palavras sejam agradáveis a Deus. São palavras exteriores, em perfeita sintonia com o seu interior. Isso se chama transparência!

As fanfarronices de Pedro, antes da morte de Jesus, eram flagrantes; a valentia era uma mentira, no seu íntimo! Logo, logo estaria agindo de forma antagônica àquilo que havia afirmado.

Não havia conversão perfeita às coisas de Deus. Sua atitude traía suas palavras. Peça que Deus dê coerência entre suas afirmações e atos!

Que nossas palavras sejam agradáveis e também a meditação do nosso coração! Que nossas palavras tenham peso e autoridade, que reflitam aquilo que dizemos! O hoje e o amanhã têm que estar em perfeita sincronia.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

PRECISAMOS, HOJE,
DE UM EVANGELHO SIMPLES

Max Lucado



É muito necessário que a gente entenda o propósito do sofrimento, pois ele é a ferramenta usada por Deus para tratar o caráter humano. Um dos mais festejados autores cristãos da atualidade, Max Lucado, faz de sua obra um instrumento do amor de Deus. Já se disse – e é verdade – que a unanimidade é perigosa. Por isso mesmo, dizer que todo mundo gosta do escritor norte-americano Max Lucado pode ser arriscado.

Mas, com certeza, é algo bem próximo da realidade. Autor consagrado por mais de 60 livros que venderam algo perto de 50 milhões de exemplares em todo o mundo, ele é um fenômeno das letras cristãs.

A abrangência de sua obra pode ser avaliada pela diversidade dos temas que aborda. “Derrubando Golias”, “Ele escolheu os cravos”, “Seguro nos braços do Pai”, “Nas garras da graça” e “Simplesmente como Jesus” são alguns títulos que demonstram seu ecletismo. Lucado, mestre dos textos devocionais e inspirativos, começou a escrever em 1985, quando morava no Rio de Janeiro. Aliás, o período em que viveu no nosso país é descrito por ele como um tempo de carinhosas lembranças. “Tenho um amor especial pelo Brasil”, derrete-se. “O brasileiro é o melhor povo do mundo.” Pastor por chamado divino e escritor por uma vocação, que garante ter recebido também de Deus, Max Lucado é tido nos Estados Unidos como uma referência cristã que transcende os muros da Igreja.

Seu trabalho é enaltecido por publicações seculares como o The New York Times e o USA Today. Mesmo assim, ele não é condescendente com a atual situação de seu país. “Os Estados Unidos não são mais uma nação cristã, porque o cristianismo não influencia mais suas decisões”, critica. Casado com Denalyn e pai de três filhas, Lucado vive em San Antonio, no Texas, onde até recentemente pastoreava a Oak Hills Church. Afastou-se do púlpito para dedicar-se mais à carreira de escritor – embora, evidentemente, as duas funções lhe caibam como uma luva. Por telefone, Max Lucado concedeu a seguinte entrevista, exclusiva, a esta primeira edição de CRISTIANISMO HOJE:

ENTREVISTADOR ― A passagem de João 3.16, também chamado de “texto áureo” da Bíblia, é certamente a mais lida e pregada da Escritura. Por que o senhor o escolheu como base do seu novo livro?

MAX LUCADO ― Sou pastor, e todos os meus livros são para a Igreja – ou seja, eu os faço pensando na Igreja, e ela necessita saber que estamos numa época em que precisamos estudar um Evangelho simples. E como fazer isso? Explicando tudo numa frase bem simples, expressando opiniões mais simples ainda. Então, considero o texto de João 3.16 como uma passagem ideal. O curioso é que a primeira vez em que pensei neste livro foi em 1998, quando ouvi uma música da cantora Jacy Velásquez, baseada justamente na passagem de João 3.16. Aí, uma pessoa me deu a idéia de escrever um livro baseado também nesse texto. Bem, passados os anos, aí está o livro.

ENTREVISTADOR ― Por que o dia 11 de setembro, data tão emblemática para a humanidade, foi escolhida para o lançamento mundial de um livro que fala justamente da antítese do ódio?

MAX LUCADO ― Há uma maneira de comparar 11 de setembro com João 3.16 – e é precisamente a contraposição do medo contra a esperança.

ENTREVISTADOR ― Na sua opinião, o que mudou na Igreja após aquele episódio? Ela também perdeu um pouco da sua esperança? E agora, passados seis anos dos atentados, como os cristãos americanos lidam com a questão?

MAX LUCADO ― Infelizmente, nada mudou desde então. Eu me lembro de que nos primeiros dias após o atentado, todas as igrejas estavam lotadas. Só que o tempo passou e as pessoas não permaneceram naquela busca pelo Senhor. Agora, está tudo normal. Infelizmente, o cristianismo não influencia os Estados Unidos. Aliás, os Estados Unidos não são um país cristão, mas um país que tem cristãos. Um país cristão glorifica a Cristo em suas decisões e os Estados Unidos não estão fazendo isso. Eu acho que os Estados Unidos não estão crendo no Senhor como a Coréia do Sul, o Brasil ou a China.

ENTREVISTADOR ― Qual sua expectativa quanto ao efeito de João 3.16 sobre os leitores?

MAX LUCADO ― Eu tenho duas expectativas. Uma delas é a de alcançar as pessoas que não são discípulos de Cristo, e para isso quis apresentar-lhes um livro que explicasse o Evangelho de forma simples. A outra é edificar os cristãos, fazendo-os entender o Evangelho. Eu quis descomplicar as coisas importantes da Palavra de Deus.

ENTREVISTADOR ― Mas o livro tem alguns capítulos que abordam temas bem complicados, como a existência do céu e do inferno. Algumas modernas interpretações da Bíblia têm procurado relativizar essa doutrina, sugerindo que um Deus tão amoroso jamais lançaria pessoas no inferno, e que este termo, na realidade, significaria apenas “sepultura”. O senhor considera que as referências ao céu e ao inferno, na Palavra, são literais e referem-se mesmo a estados eternos a que serão destinadas todas as pessoas?

MAX LUCADO ― Eu procurei achar todas as possibilidades e caminhos para concordar com as pessoas que dizem que não existe literalmente o inferno. Mas, simplesmente, não concordo com isso. As Escrituras descrevem uma punição eterna com a mesma convicção que falam sobre a existência do céu. Eu estou convencido de que o inferno existe de fato – e é o destino eterno das pessoas que passam a vida inteira dizendo para Deus as deixarem a sós. Pois no final, é exatamente isso que Ele irá fazer.

ENTREVISTADOR ― Desde o lançamento de “O maior vendedor do mundo”, de Og. Mandino, os temas motivacionais e princípios da auto-ajuda ensejaram o surgimento de um dos principais gêneros literários da atualidade. Qual a sua opinião acerca deste tipo de literatura?

MAX LUCADO ― A auto ajuda é uma boa idéia, mas uma mão limpa não pode ajudar a limpar uma suja. Logo, os princípios da auto-ajuda não são suficientes para o ser humano. Por isso, temos que buscar ajuda de outro lugar. Precisamos ter ajuda de Deus. É por isso que eu prefiro a “Cristo-ajuda”.

ENTREVISTADOR ― Mas esses temas também têm influenciado fortemente a literatura evangélica. Como conciliar, então, os princípios da auto-ajuda, que visam ensinar as pessoas a resolver seus problemas, com a fé cristã, que enfatiza a dependência irrestrita de Deus?

MAX LUCADO ― Bem, todo mundo precisa de encorajamento e, por isso, todo mundo precisa atualmente da mensagem de Cristo sobre a cruz e a ressurreição. No entanto, não podemos sacrificar o Evangelho. Só encorajar não é suficiente. Temos que tratar o pecado, explicando sua natureza e mostrando o Salvador, mas não abrindo mão do Evangelho.

ENTREVISTADOR ― O que sabe da aceitação de seus livros no Brasil?

MAX LUCADO ― Fico feliz, pois sempre recebo muitas cartas de brasileiros, que fazem questão de me encorajar e incentivar.

ENTREVISTADOR ― Que lembranças o senhor guarda do período em que viveu no Brasil?

MAX LUCADO ― Tenho um amor especial pelo Brasil! É o melhor povo do mundo. Os brasileiros me ensinaram muito sobre relacionamento. Na juventude, eu passei um verão no Brasil como estudante universitário. Então, acabei me apaixonando pelo país, e desde então sabia que o seu país era onde eu queria morar. Eu tenho três filhas, sendo duas nascidas no Brasil; logo, eu e minha família temos raízes profundas com esse país. Eu ainda tenho muito amigos no Brasil, especialmente nas cidades do Rio de Janeiro, Natal, Recife e São Paulo. Eu também tenho lembranças de Porto Alegre e Curitiba. Foi um privilégio viver aqueles anos em seu país.

ENTREVISTADOR― E pensa em voltar a residir no Brasil?

MAX LUCADO ― Não. Mas adoraria uma nova estada prolongada.

ENTREVISTADOR ― A publicação do documento “Respostas a questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja”, no qual o Vaticano arvora para o catolicismo a condição de “única Igreja de Cristo”, foi um duro golpe no processo de aproximação da Igreja Católica das demais correntes cristãs. Como escritor que também é maciçamente lido por católicos, o que o senhor pensa acerca deste enfrentamento?

MAX LUCADO ― Eu acho que ser cristão é ser uma pessoa cujo Deus é o Senhor e que tem a Jesus Cristo como único salvador. Ora, não podemos ser salvos sem Cristo! Eu não acho que todos os caminhos levam a Deus. O que faz uma pessoa cristã não é a igreja que ela freqüenta; por isso, acho que há verdadeiros cristãos tanto na Igreja Católica quanto nas igrejas protestantes. Todavia, há muitos católicos que não são cristãos, como também há muitas pessoas que pertencem a igrejas evangélicas que não o são.

ENTREVISTADOR ― Em seu livro “Dias melhores virão”, o senhor defende a crença no fato de que o Senhor sempre está no controle da situação – mesmo em casos de extremo infortúnio, como a doença e a morte, tema também presente em “Aliviando a bagagem”, Ele ainda remove pedras e diversas outras obras suas. Mesmo para o cristão, manter a fé diante do mundo de hoje não está cada vez mais difícil?

MAX LUCADO ― Sim, está. Eu acho que é muito difícil ser cristão. Principalmente, nos Estados Unidos, onde o secularismo é uma religião – ou seja, só se acredita vendo. Por causa disso, as pessoas não oram, pois só acreditam no que vêem. O que eu gosto no Brasil é que os brasileiros acreditam que existe um mundo espiritual, crêem na existência de anjos etc.

ENTREVISTADOR ― Na sua opinião, o cristão tem uma percepção correta do sofrimento e do seu significado?

MAX LUCADO ― É muito necessário a gente entender o propósito do sofrimento. Ele é a ferramenta usada por Deus para tratar o caráter humano. A Bíblia diz que o sofrimento nos prepara para sermos fortes; ele nos prepara para a vida eterna. E é fundamental ressaltar que a Palavra de Deus não nos revela que não teríamos sofrimentos – mas afirma que Cristo nos fortaleceria nestes momentos.

ENTREVISTADOR ― A teologia da prosperidade, de matriz americana, influenciou fortemente a Igreja Evangélica brasileira. Um de seus pressupostos básicos é justamente a eliminação do sofrimento nesta vida. Mas percebe-se que hoje tem havido um certo “cansaço”, sobretudo em relação a promessas dos líderes que não se concretizam na vida dos fiéis. O que o senhor pensa da confissão positiva?

MAX LUCADO ― Eu não acho bom dizer às pessoas que, quando elas se tornarem cristãs, vão ter coisas materiais. E tenho problemas com aqueles que dizem que, quando o indivíduo se converte, vai ganhar dinheiro, não vai ter doenças… Mas a promessa de Cristo é a de nos fortalecer no meio dos problemas, e não, que a gente não vai tê-los.

ENTREVISTADOR ― O que mudou no Max Lucado escritor desde o lançamento de seu primeiro livro?

MAX LUCADO ― O que mudou (risos)? Hoje em dia, eu tenho mais dead line (Da redação: Trata-se de expressão utilizada no segmento editorial e se refere aos prazos para fechamento de textos e entrega de originais). Agora, eu trabalho muito mais no computador do que antes. Eu escrevi meus primeiros livros na época em que morava no Rio de Janeiro. Naquele tempo, eu os escrevia entre dez e meia da noite e meia-noite… Só que agora, uso o meu tempo integral para escrever.

ENTREVISTADOR ― Agora, uma pergunta inevitável: qual o segredo do sucesso dos seus livros?

MAX LUCADO ― Olha, eu não sei o porquê de os meus livros serem bem recebidos. Simplesmente, não tenho explicação para isso. Eu apenas gosto de escrever para pessoas que não gostam de ler, pois sou uma pessoa bem simples.

ENTREVISTADOR ― Por que o senhor resolveu aposentar-se do pastorado da Oak Hills Church, congregação onde exerceu o ministério desde 1987?

MAX LUCADO ― Na verdade, não estou me aposentando. Só estou mudando de cargo, já que vou ficar trabalhando como professor da Bíblia. Acontece que conciliar o ofício de escritor com o cargo de pastor principal é demais. Só estou simplificando as coisas.

ENTREVISTADOR ― Em João 3.16, Deus apresenta seu amor infinito ao homem. Como o senhor tem vivenciado este amor na sua vida?

MAX LUCADO ― O amor de Deus é a coisa mais importante da minha vida. Eu lutei muito com o Senhor nos primeiros dias da minha conversão. Era alcoólatra e achei que Deus poderia me perdoar; e aí, finalmente, comecei a acreditar nesse amor divino e efetivamente cri que Deus pode nos perdoar.

ENTREVISTADOR ― Em recente entrevista a uma revista americana, o senhor abordou essa sua relação com o álcool – tema considerado tabu no segmento evangélico, que considera seu consumo como pecado. Por que o senhor resolveu tocar no assunto?

MAX LUCADO ― O abuso do álcool é parte da minha história, pois me envolvi cedo com a bebida. Mas, graças a Deus, beber excessivamente não é mais uma tentação para mim.

ENTREVISTADOR ― Logo, Deus é o Deus da segunda chance?

MAX LUCADO ― E da terceira, da quarta…