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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O SENHOR, NOSSA JUSTIÇA



William G. Johnson



Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será
este o seu nome, com que será chamado: SENHOR, Justiça
Nossa. (Jeremias 23:6)


Muitas pessoas estão prontas a dizer “O Senhor nosso libertador.” Quando o navio começa a afundar até mesmo os descrentes começam a clamar a Deus por socorro. Outras pessoas se alegram em dizer “O Senhor nosso protetor.” Eles olham para Deus como um agente de segurança celestial, cujo cuidado benevolente irá protegê-los de acidentes e doenças. Alguns outros – certamente um grupo menor – ainda dizem: “O Senhor nosso Juiz.” Estas pessoas acreditam que o universo deve finalmente prestar contas ao seu Criador.

Mas é um passo além ser capaz de dizer: “O Senhor nossa Justiça.” Isso quer dizer que não procuramos a Deus simplesmente para nos atender naquelas áreas em que não temos controle – quando o barco começa a afundar, ou quando ficamos doentes ou no dia do ajuste de contas final – mas até mesmo naquilo que achamos que podemos controlar: a nós mesmos. Significa que deixamos de lado toda a nossa pretensão à sermos justos, nosso orgulho secreto, nossas desculpas e nossa racionalização. Até porque, quando pensamos um pouco, conseguimos fazer uma lista de coisas em que nos consideramos bons e chegamos a conclusão que somos melhores do que muita gente. É por isso que é tão difícil dizer do fundo do coração: “O Senhor Justiça nossa.”

É interessante ler a confissão do famoso pensador Francês Rousseau. Ele descreve extensamente suas fraquezas e defeitos, sem poupar a si mesmo perante o mundo. Mas também mostra como as circunstâncias contribuíram para as suas fraquezas e como, mesmo nas ocasiões em que havia falhado, suas intenções haviam sido boas. A conclusão a que se chega, mesmo considerando os seus tropeços, é de que ele é o melhor dos homens!

Duas pessoas foram orar. Uma disse: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens”. Mas o outro disse: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador!” (Lucas 18:9-14). Ainda é difícil dizer “Senhor Justiça nossa.” Somente seremos capazes de dizer estas palavras do fundo do coração quando compreendermos a beleza de Jesus.


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

OS ÚLTIMOS MOMENTOS DE PAULO


Pr. Bartolomeu de Andrade




Quanto a mim, já estou derramado como libação, e o tempo da minha partida já está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira. Guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a Sua vinda.

Procura vir ter comigo depressa, porque Demas me abandonou, amando o presente século, e foi para Tessalônica; Crescente para a Galácia, Tito para a Dalmácia. Só Lucas está comigo. Tomai a Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério. Quanto a Tíquico, enviei-o a Éfeso. Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, na casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos. Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague segundo as suas obras. Tu também, guarda-te dele, porque resistiu muito às nossas palavras. Ninguém me assistiu na minha primeira defesa; antes, todos me desampararam. Que isto não lhes seja imputado. Mas o Senhor me assistiu e me fortaleceu, para que por mim fosse cumprida a pregação, e a ouvissem todos os gentios; e fiquei livre da bocas do leão. O Senhor me livrará de toda má obra e me levará salvo para o Seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém!

Saúda a Priscila e a Áquila, e à casa de Onesífero. Erasto ficou em Corinto. Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto. Apressa-te a vir antes do inverno. Saúdam-te Êubulo, Prudente, Lino, Cláudia e todos os Irmãos. O Senhor seja com o teu espírito! A graça seja convosco!

PRIMEIRA PARTE

Esta foi a última carta escrita por Paulo, durante o seu ministério, pois sua morte se avizinhava. O texto mostra isso claramente. Nela, Paulo historia sinteticamente sua vida dedicada a Deus, mostrando sua esperança nas promessas do Alto.

Registra a História que no ano 67 DC ele foi decapitado, mas tendo a tranqüilidade estampada em seu rosto, a certeza de que era muito melhor ir para junto de Jesus. Paulo amava a obra que lhe fora comissionada por Deus, mas era muito melhor ficar com o próprio Deus.

A morte dos justos sempre é animadora, tranqüila, e muitas vezes Deus previne seus servos da proximidade desse acontecimento, para que seja feito tudo segundo a Sua vontade, e nada os tire da Salvação em Cristo. Preciosa é a morte dos santos, perante o Senhor. Ela é apenas um veículo que os leva a Cristo.

Muitos crentes têm medo da morte, porém aqueles que dedicaram sua vida a Cristo não têm o que temer; ao contrário, se alegram. A morte é apenas um fechar de olhos para o mundo, e um abrir de olhos para Deus.

Entre a morte e a ressurreição de Cristo, a Bíblia revela as coisas extraordinárias que aconteceram: Ele desceu às profundezas da terra (Efésios 4:9, I Pedro 3:19 e I Pedro 4:5) e arrebatou as chaves da morte, do inferno, das mãos de Satanás, conforme Ele mesmo disse a João, quando lhe apareceu na ilha de Patmos (Apocalipse l:18)

Com isso, Jesus nos libertou do pavor e da escravidão da morte, segundo lemos em Hebreus 2:14,15. Se o crente continuar apreensivo com a morte, algo de errado está acontecendo. Você já ouviu falar dos cristãos mortos em arenas, nos primeiros séculos da Era Cristã? Isso acontecia no Coliseu de Roma! Os cristãos eram empurrados para uma arena gigante, onde leões os esperavam, famintos. E todo aquele espetáculo servia de diversão para imensas platéias sádicas.

O que deixava a platéia estupefata era o fato dos cristãos marcharem abraçados em direção aos leões, enquanto cantavam hinos de louvor a Deus. Era Cristo quem lhes dava essa segurança, quem lhes tirava o pavor da morte. A cada dez cristãos mortos na arena, cem romanos se convertiam nas arquibancadas! Era o Espírito de Deus operando e a obra do Senhor ia avançando a passos largos, desafiando a sanha assassina do Império Romano. É preciso que tenhamos em mente que Deus está à nossa frente, que somos um povo invicto, que acima de nós está o poder de Deus.

E Paulo está no fim de sua vida... Nesse período final, nesse final de carta, podemos ver coisas interessantíssimas! Poderíamos falar horas e horas das lições que esse final de carta nos deixou, porém, dada a exigüidade de tempo, destacaremos apenas um ponto: Paulo, esse apóstolo tão abençoado, mostra que é um ser humano como qualquer um de nós, feito de carne e osso, de emoções, de ansiedade...

Parece, para nós, hoje no século XX, que esses personagens bíblicos eram pessoas superiores! Elias, Moisés, Abraão, Eliseu, Isaías, Pedro, João, o próprio Paulo, etc., as experiências que esses homens tiveram, nós também as podemos ter. Apesar das grandes revelações, da grande espiritualidade, vemos por esse final de carta que Paulo não era muito diferente de qualquer um de nós.

Não importa a sua grande espiritualidade, não importa o quanto tenha perseverado na fé, Paulo mostrou-se um ser humano comum, no final da sua vida. Ele sentiu saudades dos seus amigos distantes, ressentiu-se da falta de companheirismo daqueles que estavam mais próximos, enfim, exteriorizou sentimentos como qualquer ser humano o faria.

A partir do versículo 9, ele pede que Timóteo venha depressa, pois lhe sobrara apenas Lucas, entre os seus amigos mais íntimos, entre seus colaboradores mais diretos. Quando a situação apertou, e ia se extinguindo a possibilidade de Paulo voltar à sua missão, os mais íntimos o abandonaram, deixando-o à sua própria sorte.

E Paulo portou-se como um ser humano normal: lamentou-se, pediu socorro! Não teve falsos arroubos de espiritualidade, mostrou-se atingido pelas atrocidades comuns a qualquer ser humano. Se lermos esse texto com o poder do Espírito Santo, não conseguiremos contemplar esse final de carta sem derramar lágrimas. Paulo deixou a emoção vazar, não tentou morrer com pose de mito! Foi um homem comum.

É bom que se diga aqui, que ministério é coisa muito dura! Só persevera nele quem foi chamado por Deus! É luta sem quartel! É luta toda hora! Quantas situações constrangedoras, palavras que não gostaríamos de dizer... Visitando um jovem de vinte anos, que está condenado por um câncer, o Espírito Santo me mandou falar de “morte”! Foi muito triste, Irmãos, mas eu falei!

E Paulo ia se lembrando desses aspectos da sua vida, nos seus últimos momentos... Pensou em Timóteo, porque era o seu companheiro fiel nessas horas, nas lutas passadas. Sentia falta de Timóteo na hora difícil, saudade do seu ombro amigo! Timóteo, afinal, apesar de ter sido ganho para Jesus por Paulo, era seu incentivador nos momentos de desânimo. Quantas vezes levantara o ânimo de Paulo!

Paulo, então, pedia que Timóteo viesse depressa, não porque a saudade fosse descontrolada, mas porque poderia não dar mais tempo de se reverem. Talvez Paulo quisesse deixar instruções parta continuidade do ministério, após sua partida. “Antes do inverno...” dizia na carta. Sabia que a morte estava próxima.

O apóstolo sabia valorizar as amizades. Tem gente que acha que isolar-se é o melhor caminho para aperfeiçoar-se diante de Deus, para purificar-se. Paulo não pensava desse modo! Ele se misturava, ia de encontro aos problemas a serem resolvidos. A graça vem atrás daqueles que estão ao nosso lado, na Igreja.

E o nosso apóstolo querido ficou sozinho... A própria Igreja de Roma o desamparara... Todos os seus membros! Ninguém se apresentou para defendê-lo no primeiro julgamento que sofreu. Paulo olhava para o povo à sua volta, naquele lugar, e não via um só rosto conhecido, um Irmão por quem tivesse orado, um filho-na-fé... Não encontrou nenhum rosto amigo; só enxergou rostos fechados, acusadores, olhares hostis!

Ele sempre foi um ganhador de almas, mas acabou abandonado. Ele se gastou como um pedaço de telha que a cada dia é esfregado contra uma pedra, até desaparecer. Assim foi Paulo: dedicou-se, orou, amou, obedeceu, fez tudo o que tinha que ser feito, mas foi abandonado por todos aqueles por quem tinha se desgastado.

Paulo era tão bom, que quando lamentou a ausência de seguidores no primeiro julgamento, ele pediu a Deus que não levasse em conta esse comportamento dos Irmãos. Que saúde espiritual! Interceder até pelos que o abandonaram! Tem gente que, por não saber assimilar os golpes, tornam-se amargos, ficam sem sintonia espiritual. Emocionalmente estragados.

Paulo nos mostra que as lutas são permitidas por Deus para nos aperfeiçoar como crentes. “Mas o Senhor assistiu-me”, disse ele na carta, deixando de lamentar a ausência dos companheiros no julgamento. Teve vitória, pois pregou a Palavra de Deus no tribunal, enquanto defendia-se das acusações.

Morreu sem ressentimentos, com as emoções no lugar. Mágoas são coisas terríveis na vida de um crente, segundo Hebreus 12:15. Quando curtimos um rancor, é a maior desgraça! Vamos ficando duros! Deus não deseja isso para ninguém! Em Lamentações 3:32,33 lemos que Deus não pretende de bom grado que Seus filhos sofram. Pedro também diz, na sua primeira carta 4:12-19 que se alguém padece como cristão, deve glorificar a Deus por isso.

Não fique como está, para que não acabe sua vida com ressentimentos! Não envelheça com o rosto enrugado e o coração magoado! Renove seu interior! Clame por Jesus! Quando se sentir como Paulo, ore a Deus pelas pessoas que lhe abandonaram, que lhe feriram, e que lhe trazem amargura. Paulo orou porque acreditava! Ele intercedeu por aqueles que o abandonaram, que o prejudicaram. Paulo sempre acreditou que havia um Deus nos céus, um Deus que transforma as almas.

Você precisa dar um voto de confiança para os Irmãos que estão ao seu lado! Termine sua vida por completo, envelheça só por fora! Sua alma tem que voar para Deus nova e não envelhecida. Vamos refletir sobre essa Palavra! Vamos pedir que Deus remova da nossa alma esse mofo, essa velhice que está se instalando nela.

Encerrando, Paulo pede que Timóteo traga Marcos, o mesmo Marcos que não servia para companheiro, no início do seu ministério, e que gerou divisões (Atos l5:37-39). Mas Marcos, agora, era útil, pois Paulo, no seu fim de vida, mudou de opinião sobre João Marcos. Ele quer João Marcos com ele, agora! O tempo passou e Marcos tornou-se útil!

Assim somos nós, dando e recebendo oportunidades para trabalharmos na obra de Deus. Saibamos dá-las e recebê-las no momento exato, para que o nome de Jesus seja glorificado nessas decisões. Reflita sobre isso!

SEGUNDA PARTE

Já dissemos anteriormente que Paulo, apesar de toda a sua experiência com Deus, e apesar de toda a sua espiritualidade, era um homem comum, um ser humano que sofria, que sentia saudades, que lamentava traições, enfim, ressentia-se dos problemas que este mundo nos apresenta, problemas que atingem a todos quantos vivem nele.

Paulo, certa vez, foi arrebatado, em espírito, por Deus, e levado aos céus, onde viu e ouviu coisas que não teve autorização de Deus para revelar. Paulo tinha uma espiritualidade tremenda, uma espiritualidade total.

Por causa da excelência das revelações que Paulo recebia, foi permitido a Satanás que lhe colocasse um “espinho na carne”, algo que o incomodava durante todo o tempo do seu ministério. A Bíblia não revela o que era, mas deve ter sido algo muito doloroso, pois mereceu registro nas Escrituras. Paulo orou três vezes a Deus pedindo por libertação. Foi quando Deus lhe deu aquela célebre reposta: “A minha graça te basta.” (II Coríntios 12:9)

Deus sabe porque permitiu que Paulo sofresse. Deus sabe porque não cura certos males, porque não atende a certos pedidos. Deus conhece a natureza humana, as nossas tendências. Muitas coisas que pedimos e não nos é dado, é porque Deus sabe que essas coisas podem nos separar d’Ele, tirar-nos da Sua presença

Conhecemos várias situações de Irmãos que são atendidos nos seus pedidos materiais, e depois se afastam da obra para desfrutar desse bem conseguido. Tem Irmão que pede seguidamente um carro para Deus, prometendo usá-lo na “obra”, mas depois do carro estar na garagem, não aparece mais na Igreja, pois estão sempre passeando com sua família!

Paulo, ao ser o instrumento usado por Deus, poderia orgulhar-se da excelência das revelações que recebia. Poderia, sim, como qualquer ser humano! Talvez por isso Deus lhe permitia esse sofrimento, para que ele nunca se esquecesse de que ele era nada, que em tudo dependia do seu Criador.

Paulo era carente como qualquer um de nós, sofria seus problemas, sentia suas necessidades, solidão na prisão, ausência de amigos... Não é por ter sido profundamente espiritual, que ele deixaria de vazar emoções. Temos crentes que não choram na Igreja, têm medo de estar mostrando seus sentimentos, seus problemas... Sufocam suas emoções!

Paulo sentiu falta de Timóteo, seu companheiro de todas as horas. Timóteo se condoía com os problemas alheios, pois era um homem sensível, quebrantado. Ele facilmente chorava e sorria para os amigos... Costumava confundir e misturar os problemas alheios com os dele próprio. E Paulo estava precisando dele, dependia da presença do seu filho-na-fé, naquele momento difícil.

II Coríntios 4:7 diz que nós temos o tesouro em vaso de barro, para que a excelência do poder sobressaia e nós diminuamos. Paulo era honesto. Apesar das revelações que havia nele, ele sabia que não passava de um vaso de barro, de um homem frágil, humano, que mostrava humildade nas suas tribulações, que assumia seus problemas. Era autêntico.

Quando doía, Paulo dizia “ai!” Tem gente por aí que tem dores e diz “aleluia”, para que não se diminua perante os Irmãos! São manias de super-homens! Porém, também existe o outro extremo dessa conduta, ou seja, viver se lamentando o tempo todo, se queixando, expondo em minúcias os problemas pessoas dia após dia. Isso contamina aos Irmãos! É preciso que haja um equilíbrio!

O barro deve saber carregar o tesouro de Deus com dignidade. Paulo vinha sofrendo decepções consecutivas. Mencionou Demas, Tito, Crescente, íntimos colaboradores. Também citou um tal de Alexandre “latoeiro”, que lhe prejudicara bastante. Paulo queixou-se de que ninguém na Igreja de Roma o defendera no seu primeiro julgamento.

Três são as situações que oprimiam a Paulo nesse momento, na prisão, onde aguardava a morte eminente:

Abandono de amigos

Você também já deve ter sentido isso: pessoas que o apoiavam e o abandonaram. Parece que quanto mais difícil fica a situação, mas as pessoas somem do nosso lado. Isso aconteceu, acontece e vai continuar acontecendo.

Traição

Paulo menciona a traição de Alexandre. Abandonar alguém é ruim, trair a confiança é terrível! É muito pior! Abandonar significa omitir-se, mas trair significa trabalhar contra! Todos nós passamos por isso também. Aconteceu com Jesus, aconteceu com Paulo, e acontece com todas as pessoas.

Falta de solidariedade

A Igreja de Roma deixou de assistir Paulo - Faltou solidariedade! Veja que Paulo pregava o Evangelho de Jesus Cristo, foi preso por isso e ninguém ficou ao seu lado. Nenhuma presença amiga no tribunal, nenhum companheiro nas galerias, nenhum olhar amigo e encorajador... Mas Jesus o assistiu!

Paulo precisava passar por aquele trauma. Toda a Igreja falhou. Porém, Paulo sabia assimilar esses golpes. Chegou, inclusive, a pedir que Deus não imputasse a eles aquela falha que estavam cometendo.

Apesar das decepções, ele morreu sem ressentimentos. Hebreus 12:12-17 fala que não devemos permitir que o diabo produza raízes de amargura em nosso coração. Se Deus permitiu o problema, por que irar-se pela falta de assistência dos Irmãos? Temos que nos voltar para Deus nesse momento, para que nossa alma não vire um poço de amargura, e que nossas bocas não pronunciem coisas que contaminem a muitos outros. Paulo sabia conviver bem com as dores.

Precisamos orar por quem nos faz o mal e agarrar-nos com Deus! Paulo seguia perfeitamente os passos de Jesus. Procure ler os capítulos que contam sobre a vida dos dois para constatar as semelhanças no procedimento, no comportamento. Não há a menor dúvida de que Paulo tinha todo o direito de se chamar de “cristão”.

Paulo foi seu próprio advogado, no primeiro julgamento, e aproveitou-se para falar do Evangelho, enquanto se defendia, fugindo, assim, da boca do leão, sem ira nem ressentimentos no coração. Morreu inteiro, sem problemas com seus Irmãos, não precisando se arrepender de nada, quando apresentou-se diante do Pai, na sua morte. As coisas espirituais são altamente transmissíveis! Tanto as boas quanto as más! Podemos estar influenciando os outros quando carregamos coisas ruins conosco.

Muitas vezes é permitido por Deus que estejamos sós. Disse Paulo que só Lucas permanecera com ele, porém depois disse que ninguém o defendera no tribunal, que não vira nenhum rosto amigo lá. Veja que Paulo testemunhou bem de Lucas, não o criticou individualmente! Constata-se, então, pelo texto, que Lucas foi o único a permanecer até o fim ao lado de Paulo, mas deve ter sido impedido de alguma forma de entrar no tribunal, naquele dia. Alguma coisa deve ter acontecido! Pode-se depreender daí, que Deus queria que Paulo ficasse só naquele primeiro julgamento. Deus cria as situações. É por isso que não podemos julgar Irmãos por falta de amor, por abandono. Pode ser Deus tentando tratar conosco e nós nem tentamos entender e assimilar a lição.

Deus permite! Não é falta de companheirismo, não! Eu mesmo já passei por uma situação parecida com a de Paulo. Estive num tribunal, em julgamento, e nenhum Irmão compareceu. Naquele momento senti a falta de uma esposa na minha vida. Mas Deus falou comigo naquele tribunal. Senti a presença do Amigo que nunca nos desampara. Experiências maravilhosas!

Os discípulos nunca tinham visto Jesus andar sobre as águas e parar os ventos. Isso só aconteceu porque Jesus os havia deixado sozinhos no mar revolto. Deus aparece mais forte nos piores momentos da nossa vida.

Paulo fala das obras malignas das quais Deus o libertou. Ele saiu inteiro de todas as tribulações. Ficaram para trás a mágoa, o ressentimento, e a amargura que vira ódio. O coração de um crente tem que ser limpo, precisa ser cheio da glória de Deus.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011


A PATERNIDADE DE DEUS


Pr. Bartolomeu de Andrade



Há um só senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai

de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está

em todos. (Efésios 5:6)



Este texto é impactante porque ele trata de um assunto que é da mais alta importância para a nossa vida espiritual, pois o tema em destaque aqui é um poderoso agente divino para cura das nossas emoções, para preenchimento das nossas emoções muitas vezes desassistidas, esvaziadas desse que é o mais poderoso elemento que existe na nossa ligação com o nosso Deus, que é, exatamente, o tema da PATERNIDADE.

O texto diz que existe um só Deus, e se o texto terminasse aí, nessa primeira parte, nós ficaríamos com aquela imagem de um Deus sentado no trono, de um Deus que nós sabemos, pelos demais versículos e capítulos da Bíblia, que existe por Si só que Ele é eterno, que está sentado no Seu trono de glória. Diz a Palavra que o Seu trono está fundado em justiça e juízo, que Ele é Todo-Poderoso, Onipotente, Onisciente e Onipresente. Então, se o texto dissesse apenas que há um só Deus e terminasse, nós ficaríamos com essa imagem, com essa impressão, e é uma impressão boa, pois trata-se do nosso Deus. Só existe Ele com essa grandeza, com essa magnitude, com esse poderio, e o melhor de tudo é que Ele é o nosso Deus, o nosso Criador! É bom saber disso.

Mas não seria totalmente suficiente no sentido da nossa afirmação diante desse mesmo Deus, pois o que importa para nós no conhecimento do eterno não é apenas a satisfação no conhecimento da pessoa que Ele é, não é só a satisfação do conhecimento daquilo que Ele reúne em Si mesmo, como deidade absoluta sobre todas as coisas. O importante do nosso conhecimento de Deus é aquela parte que diz respeito ao preenchimento das nossas necessidades, da nossa identificação com esse ser criador. É isso, na verdade, que na prática resolve todos os nossos problemas, não bastando conhecê-Lo apenas intelectualmente, compreendê-Lo na Sua forma de ser, de existir, enquanto Deus, mas o que realmente faz diferença prática na nossa vida. O que precisamos é que esse conhecimento de Deus traga pra nós algum tipo de ajuda, de preenchimento, de afirmação, de estabilidade, de vida, de realidade prática no dia-a-dia da nossa vida. É isso que importa! É por isso que esse texto é impressionantemente impactante, porque ele vai resolver essa segunda questão com respeito a nós diante d’Ele e que é realmente o que importa, pois é prático demais.

Então, a Palavra fala de um só Deus e PAI DE TODOS. Agora, a imagem muda! Agora Deus desce do trono, pois Ele não é somente Deus, mas é Pai. E a Bíblia diz que Ele é Pai de todos. Assim, vemos a ampliação do conceito desse Deus Todo-Poderoso. Num primeiro momento entendemos que Ele é poderoso, num segundo entendemos que Ele é íntimo, por ser Deus-Pai e, num terceiro momento, vemos que Ele não faz acepção de pessoas, que Ele é totalmente abrangente, pois não é só Deus Todo-Poderoso, mas é Pai misericordioso. E mais: o texto diz que Ele é tudo isso para todos aqueles que d’Ele se aproximarem, abrindo-Lhe o seu coração e crendo n’Ele confiantemente.

Fica claro que aí o modelo muda, a imagem muda! Deus fica mais acessível, mais tangível, mais palpável, Deus fica mais presente, mais ao nosso alcance... É como se Ele descesse do trono, se aproximasse de nós, dizendo: “Eu sou o Deus Todo-Poderoso, me assento no alto e sublime trono, mas eu também quero ser seu pai, meu filho, quero me relacionar intimamente contigo. Eu quero te dar a segurança, a proteção, o acompanhamento que um pai dá... Eu quero te dar o consolo que um pai dá, o conforto, eu quero te dar a suficiência que um pai dá... Eu quero exercer a Paternidade Divina na tua vida!”


Disfunções Comportamentais


Falávamos na mensagem do último domingo dessa realidade, das disfunções comportamentais que normalmente têm origem na falta de paternidade que eu tive ao longo da minha existência. O pai está presente, mas que emocionalmente e espiritualmente é ausente. Clareando: estamos falando de um pai ausente que nem fisicamente está por perto.


Rejeição desde o útero


Eu fui rejeitado desde o ventre da minha mãe, e quando eu tive uma concepção do mundo, havia uma grande revolta dentro de mim. O que eu mais queria é protestar contra a vida, contra as pessoas, contra a família. Era uma violenta revolta contra a falta de paternidade! A verdade é que o pai representa Deus, na família; a primeira ideia que os filhos tem de Deus vem através da paternidade, do modelo masculino. A Bíblia é farta em documentar essa realidade, quando diz que Deus é o cabeça de Cristo, Cristo é o cabeça do homem e o homem é o cabeça da mulher. É uma verdadeira cadeia de autoridade! A Bíblia também fala que o pai é o sacerdote do lar, é o profeta da família, o líder da sua casa. A primeira noção de céu, de Igreja, de Deus, é o ambiente familiar.

Fala também que a mulher representa o Espírito Santo. O seio da mãe, o seu colo, o seu regaço tem toda essa representatividade do Espírito Santo, que consola, que conforta. A Bíblia também fala da vida conjugal harmoniosa, onde há paz, diálogo, entendimento, intimidade, pureza, parceria, companheirismo, essa vida conjugal que se entrelaça, que se potencializa, é essa dinâmica da vida conjugal que gera no coração dos nossos filhos a ideia de viver em grupo, de viver em sociedade, tanto socialmente quanto espiritualmente. A vida conjugal ajustada passa para os nossos filhos essa ideia de que vale a pena ser parceiro um do outro, vale a pena fazer aliança com o outro, vale a pena andar acompanhado, vale a pena fugir do isolamento... Se papai e mamãe vivem que é uma maravilha, são uma só carne.

Todas as disfunções comportamentais, todos os problemas que enfrentamos na idade adulta, na maioria das vezes resultam da falta de afirmação dos modelos paterno e materno, conjugais e familiares que nós não tivemos nossos lares.

É daí que veio a minha revolta com 14 anos, que já comecei a fumar maconha, roubas coisas dos outros, procurar companhia de prostitutas, convivência dentro de gangues, virar um adolescente violento, que tentava contra a vida dos semelhantes... Mas tudo aquilo era revolta, era uma criança que não cresceu, o emocional que ficou defasado, a válvula de escape, o grito de socorro. Todas as vezes que eu fazia uma maldade, emocionalmente e espiritualmente eu estava pedindo socorro, estava gritando: “Eu existo! Alguém, me acuda! Eu estou precisando de amor, de carinho!”

E quando a gente não envereda por esse caminho perigoso, a gente vai desenvolvendo patologias sociais, manias atrofiadas, a gente vai desenvolvendo tendências carnais, tendências carnais, nocivas e a gente vai se tornando um ser meio estranho, porque faltou o regaço da mamãe, a paternidade correta, faltou um ambiente pacífico no lar, nos tornamos uma coisa tão complexa, alienada, que só o Calvário e o sangue de Jesus e o amor de Deus podem nos recuperar. Foi o que aconteceu comigo.

Deus existe, é poderoso e é real! Ele não está só no trono, Ele é o teu pai, quer preencher o teu vazio, a tua lacuna existencial, quer corrigir a tua doença emocional, quer trazer saúde para a tua emocionalidade, quer corrigir as tendências do teu íntimo, pois o amor paternal de Deus é eficientemente terapêutico, capaz de endireitar as veredas da nossa vida.

É assim que entendemos que esse Deus é Pai e o melhor é que Ele é o Pai de todos. Ele não tem filhinhos privilegiados. Todos os seus filhos são privilegiados. Só não é Seu filho quem não quiser, quem O rejeitar. O começo do Evangelho de João diz isso, que Jesus veio para o que era Seu, mas os Seus não o quiseram, o rejeitaram. E veja o que o Espírito Santo disse nesse começo de Evangelho: “Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos Filhos de Deus.” (João1:11,12) RÉ bom termos consciência de que “receber a Jesus” significa recebê-Lo pela fé, abrindo o coração e dizendo “Senhor, eu Te quero! Seja o meu Pastor! Eu quero colocar o destino da minha vida em Tuas mãos! Toma conta de mim, Senhor!”

Entenderam, agora? Ele veio para os que eram Seus (os judeus), mas os Seus (os judeus) não O receberam, pelo contrário, O crucificaram! Agora, vem a parte mais importante: ”Mas a todos quantos o receberam (eu e você que estamos aqui), Deus deu-lhes o poder de serem feitos Filhos de Deus.”

Somos filhos! Ele é Pai de nós todos! Por quê? Porque nós recebemos a Jesus. Vamos refletir sobre isso: O fato de recebermos Jesus na nossa vida abriu a porta da paternidade para a nossa interioridade! Eu, particularmente, não tenho mais por que chorar! Se eu me emociono e choro quando relato minhas tristezas da infância é porque sou homem, tenho sentimentos, minha mente lembra dos momentos dolorosos. O choro, então, é pelo que passou e não pelo que eu vivo hoje, pelo que eu sinto hoje. Pensando no meu hoje, sou o homem mais feliz da Terra, pois tenho Deus como meu Pai. Digo com todas as letras: sou filho de Deus! E é privilégio só do Bartolomeu? Não, é privilégio de todos os que se fizeram Filhos de Deus.

Então, diante dessa realidade, nós precisamos nos relacionar com Deus como um filho com o seu pai. Tire Deus do Trono, nesse sentido, como já falamos antes. Não tenha uma vida espiritual distante! Não se considere súdito de um rei que está distante de você e dos seus anseios. Não, se Deus é Pai, como já vimos, Ele está presente! Recorra a Ele no seu dia-a-dia! Fale com Deus com a intimidade que deve haver entre um pai e um filho! Esse é o segredo para você se resolver espiritualmente, para você frutificar. Veja que quando dizemos “tirar Deus do trono” estamos querendo dizer que Ele abandona Sua grandeza para poder se relacionar com você.

Acostume-se a chamar Deus de pai e, se preferir, de papai e até de paizinho, pois esses tratamentos íntimos e carinhosos aparecem na Bíblia através da expressão aba que, na minha modesta concepção, quer dizer “paizinho querido do meu coração”. Eu brincaria dizendo que isso aí é uma tradução “bartolomeliana”. Então, se relacione com Ele, seja íntimo de Deus, deixe que Ele cure você!

Voltando a mim, Deus me curou das minhas distorções, da minha carência afetiva. O que eu mais queria na minha vida era um colo de um pai, sentir a mão de um pai fazendo afago na minha cabeça... Eu nunca tive um relacionamento afetivo com o meu pai. Mas quando eu me converti, eu entendi que Deus é o meu Pai, e eu deixei que Ele me colocasse no colo, me desse tudo aquilo que o meu pai me negou, na infância. Deus me levantou, me deu uma estabilizada emocional. É como se Deus fosse me dizendo: “Levante a cabeça! Você não morreu! eu sou o teu pai! Tu passaste por tudo isso, mas me conheceste, e hoje Eu sou o teu Pai!”

Isso me levantou para sempre! Eu não preciso mais ficar lamentando o passado, ficar chorar pelo resto da minha vida. Olha o nosso texto de novo: “Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos Filhos de Deus.” Olhe que maravilha, irmãos!!! Nós somos Filhos de Deus.

Agora, eu gostaria de falar que essa paternidade, que toda essa ação bondosa de Deus na nossa vida acontece pela ação do Espírito Santo, que é o Espírito Santo quem exerce hoje essa paternidade sobre nós. Vamos comprovar? Se lermos João 14:18 veremos Jesus dizendo aos Seus discípulos que não os deixaria órfãos. Afinal, o que é um órfão? Respondo: é alguém que não tem pai. Quando Jesus estava comunicando que morreria por toda a humanidade, que ressuscitaria para a redenção da fé dos seguidores, que iria para o Pai para completar definitivamente a ação redentora na vida da humanidade, tudo isso traz duas implicações:

a) Jesus exerceu paternidade sobre os discípulos

A primeira é que Jesus passou todo o Seu tempo aqui exercendo paternidade. Se não fosse assim, Ele não mencionaria o fato de deixar os discípulos órfãos. Jesus foi o pai daquelas pessoas durante aqueles três anos de caminhada pelas áreas terras da Palestina. Esse é, sem dúvida o vínculo mais forte que pode haver entre nós e Deus, que une o nosso coração ao coração de Cristo, ao coração de Deus e ao coração do Espírito Santo.

Você vive dentro de uma igreja anos e anos e nunca ouve alguém falar em paternidade. Não é incrível? Há uma lacuna, existe uma ausência dessa ministração. E estamos vendo que ela é da mais alta importância, ela faz toda a diferença na nossa vida. Veja o próprio Jesus, quando estava Se preparando para partir, dizendo para os discípulos, como se os estivesse consolando, trazendo expectativas santas para os corações deles, deixou-lhes a esperança: Fiquem calmos que eu não os deixarei órfãos.

b) O Espírito Santo passaria a exercer a paternidade

Jesus prometeu que iria partir, mas não os deixaria órfãos, dizendo que lhes enviaria o Espírito da verdade, que ainda não era conhecido pelo mundo porque não podia ser visto pelas pessoas, mas que habitaria junto de cada pessoa, EM cada pessoa (João 14:16,17). Lendo o segundo capítulo de Atos dos Apóstolos, veremos a triunfal chegada do Espírito Santo a este mundo, no Dia de Pentecostes, através de línguas de fogo, num local onde estava cerca de 120 pessoas. Essas pessoas estavam ali orando, cumprindo a ordem de Jesus, que era para eles ficarem em Jerusalém, até que do Alto fossem revestidos do poder de Deus. Conta a Bíblia que entrou naquele lugar um vento impetuoso que se transformou em línguas repartidas de fogo sobre a cabeça de cada uma das pessoas ali presentes. (Atos 2:1-3)

Esse espetacular acontecimento mostrou que as línguas de fogo sobre a cabeça dos crentes se transformavam em poder, em virtude, enchendo o coração daqueles homens e mulheres. Foram completamente CHEIOS do Espírito Santo. Era um dia de festa, em Jerusalém, tinha gente de todas as partes, e as pessoas que estavam ali no cenáculo começaram a se mover no sobrenatural, falando em línguas que só eram usadas em lugares muito distantes dali. E os judeus dessas terras distantes não entendiam como aqueles homens e mulheres conseguiam falar nas línguas de seus países.

Foi uma comoção geral, as pessoas estupefadas. A partir de Atos 2:14 a Bíblia registra a transformação de Pedro, aquele pescador rudimentar, ignorante, que se levanta, acompanhado pelos outros onze apóstolos, e passa a falar no Espírito de Deus. Pedro prega uma palavra maravilhosa, mencionando a profecia de Joel, que dizia que a Terra seria sacudida pelo poder do Espírito Santo, promessa reiterada por Jesus, antes da sua partida. Aquela mensagem era tão poderosa porque estava ungida pelo Espírito Santo, dirigida diretamente ao coração daquele povo, quebrando a dureza daqueles corações, arrebentando com todas as resistências ali encrustradas, e naquele dia três mil almas se converteram ao Senhor. Que pregação ungida! Estava começando a se formar a Igreja de Jesus Cristo na face da Terra.

Três mil almas num só sermão! Era pregação ungida pelo Espírito Santo! Essa é a medida do enchimento do Espírito Santo dentro de nós. O Espírito Santo estava começando a fazer nos discípulos o trabalho que Jesus estava fazendo, continuando a exercer a paternidade. E quando somos sensíveis à paternidade de Deus, nós crescemos, amadurecemos, afastamos de nós o medo, a insegurança, as dúvidas, os receios, a timidez desaparece...

Nessa paternidade, o pai ensina o filho a caminhar, a discernir o que é importante e o que não é, ensina como se desviar dos perigos do mundo, preparando-os para iniciar uma grande viagem neste mundo. O Salmo ensina muito sobre isso, quando diz ser bem-aventurado o homem que enche a sua aljava desses filhos que são herança do Senhor, como se eles fossem flechas ligeiras neste mundo. A metáfora é esta: os filhos não nos pertencem, mas do Senhor! Cada filho é uma flecha preparada, afiada, burilada, que os pais atiram através do arco retesado, e a flecha é arremetida em direção do mundo... Os filhos não são para nós! Os filhos são herança do Senhor! Eles nos são dados por algum tempo com as recomendações do Senhor: Cuide deles! Prepare-os para a grande viagem! Temos a responsabilidade de preparar essa herança do Senhor, da mesma forma como o arqueiro prepara a sua flecha na aljava. Chegará o dia em que o filho e remetido para o seu destino, na mesma forma como fazemos com a flecha cuidadosamente guardada na aljava.

Não vamos perder de vista o nosso tema: é o PAI quem faz isso! Ainda estamos falando da paternidade! Jesus exerceu muito bem Sua paternidade, antes de dizer aos discípulos que não os deixaria órfãos. Cuidou deles, preparou-os para a sua missão. E depois, mandaria o Espírito Santo para continuar a Sua missão.

Imagine Pedro, agora, de pé, cheio do Espírito Santo, apoiado pelos outros apóstolos que também se puseram de pé, mostrando unidade, mostrando que a unção estava caindo sobre todos e não somente sobre Pedro que estava pregando. Ele não teve medo, não teve assombro, não precisou se esconder e ser denunciado pelo cantar do galo por três vezes... Ele, agora, estava cheio do Espírito Santo.

Eu gostaria que todos entendessem, aqui, que ser cheio do Espírito Santo é mais do que falar línguas, profetizar... Não faça o Espírito Santo tão pequeno assim! Ele está aqui para exercer a paternidade sobre as nossas vidas, tirar a nossa meninice, a nossa infantilidade, o nosso medo, a nossa insegurança... Paternidade divina tira isso tudo e nos prepara para a vida! Ser cheio do Espírito Santo implica, fatalmente, em maturidade, determinação, estabilidade, consciência da missão que recebemos de Deus. Tira os nossos recalques, os nossos complexos... Olhe para Pedro! O que era e no que se transformou! O Pai produz segurança nos seus filhos, os levanta e os endireita, arremessando-os para cumprirem o seu destino. E cada um de nós vamos cumpri-los, em nome de Jesus!

Essa é a obra real do Espírito. E nós ficamos por aí perdidos nessas questões menores, como dar profecias, falar em línguas, que são coisas boas também, mas que não salvam ninguém! Como já falei aqui, outro dia, isso não converte ninguém! Não sou contra isso, pois eu também profetizo e falo línguas na hora certa, mas eu preciso dar conteúdo espiritual para vocês, verdades que façam vocês ficarem centrados naquilo que realmente façam a diferença. Não adianta dar profecia aqui, revelação ali e amanhã voltar a fazer bobagens no meio da rua, no emprego, na escola... De que adianta falar língua estranha aqui e amanhã usar a mesma boca para proferir palavrões, maledicências, fazer fofocas...

Precisamos nos encher do Espírito Santo primeiro, e depois estaremos aptos a profetizar, falar em línguas, tudo dentro da normalidade, de modo que cause crescimento espiritual nas pessoas que nos cercam. Só aí teremos base, teremos maturidade, o Espírito Santo terá exercido paternidade sobre nós, retirando as infantilidades das nossas vidas!

Observe ao continuidade do nosso texto-base: “...o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.” Procurem observar bem essas três dimensões: “...o qual é sobre todos,” Imaginem eu aqui com a mão sobre o microfone, pairando sobre ele. Quando diz que “age por meio de todos”, aí eu estaria falando através do microfone, agindo por meio dele, através dele, falando por ele. Finalmente, imagine se eu pudesse me colocar dentro do microfone, seria a última parte: estar NELE. Só o Espírito Santo pode agir dessas três formas. Ele pode estar SOBRE nós, pode fazer grandes coisas ATRAVÉS de nós, ou POR nós, e o melhor de todos, Ele pode estar EM nós, dentro de nós.

Para entendermos melhor essa explicação, vamos ler Lucas 4:16-19, quando Jesus chegou numa sinagoga e lhe deram para ler o texto registrado em Isaías 61:1 que diz:

O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres. Enviou-me para apregoar liberdade aos cativos, dar vista aos cegos, por em liberdade os oprimidos e anunciar o ano aceitável do Senhor.

A primeira parte diz que o Espírito está SOBRE ELE, sendo que na continuação, quando diz que O ungiu já está entrando no ATRAVÉS, POR Ele e, finalmente, quando Jesus apregoa, cura, liberta e anuncia, o Espírito está NELE. Então, há um só Deus e Pai, o qual está SOBRE todos, age POR MEIO DE todos e está EM todos.

Assim, a última dimensão da Palavra que Deus nos dá aqui, é que o Espírito Santo está em mim, em você, em nós. E tem uma coisa: quando Ele não está, Ele pretender entrar em você, mas espera que você o convide! Basta que você creia.

Agora, um grande drama: o Espírito Santo está na vida de algumas pessoas, mas elas vivem como se Ele não estivesse. Por sinal, eu quero desmistificar uma coisa aqui, agora: o batismo com o Espírito Santo. Tem gente que diz que o Espírito Santo só está dentro da pessoa quando ela fala em línguas, profetiza, etc. Isso não existe! Para seu governo, se o Espírito Santo não entrar em você, você não vai conseguir nem acreditar em Jesus! Não poderá nem ser chamado de seguidor de Jesus. Sabia disso? Romanos 8:9 chega a dizer que se você não tem o Espírito Santo, você não é de Deus. Batismo do Espírito Santo é outra coisa, é outra manifestação do Espírito, outra dimensão. Veja mais uma vez como acontece: quando você recebeu Jesus, Ele não te deixou órfão, enviou o Espírito Santo, e Ele passou a habitar dentro de você, SE VOCÊ CREU! O problema é que você fica esperando essas manifestações exteriores (línguas, profecias) e acha que o Espírito não está em você. Entenda que a primeira manifestação é interior e as pessoas querem dar ênfase ao exterior. É ao contrário! Deus opera de dentro para fora e não de fora para dentro! Eu costumo dizer que se a gente só enfatizar o que está por fora, o lado de dentro fica vazio! É por isso que há tanto mau testemunho por aí, gente valorizando espetáculos que são dados por pessoas que não têm nada por dentro! E as pessoas assistindo sentem um nó na cabeça! Como é que pode?!? Aquela mulher não paga as contar, não se dá com um monte gente e está aí a profetizar na igreja!

O Espírito Santo quer, primeiro, fazer a obra interior, aquela que vale, aquela que só Ele vê. Um dia eu falei numa igreja que eu poderia subir num monte, em jejum, fazer uma vigília, ficar lá dez horas e descer com um dom que eu não tinha antes! E não precisa ser num monte, não! Poderia ser num vale. Eu não vou perder a oportunidade de falar isso, aqui.

Então, se o Espírito Santo entrou em você, procure se relacionar com Ele, dentro dessa perspectiva de que você é filho, que precisa do apoio, da ajuda de um pai. A paternidade de Deus, hoje, este exercida pelo Espírito Santo, que está SOBRE você, USA você, age POR MEIO da sua vida, e está DENTRO de você. Não fique pensando que o Espírito Santo está apenas sobre o pastor, que fala bonito, mas está sobre você também. Ele usa o pastor e pode usar a você também. O Espírito Santo está NO pastor, mas está EM mim também. Esse Deus e Pai está SOBRE todos, age ATRAVÉS de todos e está EM todos.

Eu gosto dessa palavra recorrente: TODOS. Deus simplesmente nos arrebanha e nos coloca debaixo das Suas asas poderosas, Deus que não tem sexo, que é Pai do órfão, Deus que é marido das viúvas, é a ave gigantesca que nos estende as Suas asas, Deus é tudo em todos! O que você precisa que Deus seja, Deus é! Se estou solitário, Ele me ajuda a habitar numa família; se estou viúvo, triste, Ele me dá uma esposa; se fui abandonado pelos meus pais, Ele me recolhe; se estou sem rumo na vida, Ele escreve o meu nome no Livro da Vida. Ele é o meu Pai! É a grande ave que protege. É como diz o Salmo 91:1: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.” A Bíblia diz que Deus tem asas de misericórdia, pois Ele é o nosso refúgio, a nossa fortaleza, a nossa rocha, o nosso teto, o nosso piso, nossa dianteira, nossa retaguarda, está dentro de nós, está fora de nós, sobre nós e está em nós e faz obras maravilhosas através de nós.

Deus está SOBRE mim lembra proteção. Tem uma história que eu conto sempre, sobre o Pr. Rubens, lá de São Paulo, nos anos 80, quando ele estava atravessando a Avenida São João, muito larga, duas pistas, quatro carros que vêm e quatro carros que vão. Ele estava atrasado para ir ao banco e estava com sua filhinha de 7 anos pela mão. Depois das peripécias de atravessar entre os carros e chegar ao outro lado, a menina insistentemente puxava a mão do pai e, pela insistência, o Pr. Rubens perguntou: ― “O que é, minha filha? Nós estamos muito atrasados!” A menina simplesmente disse para ele: “Papai, aquele prédio lá tem 26 andares.” Ele não conseguia entender como é que ela conseguiu contar e quis saber como ela fez. Ela então responde: Eu contei enquanto nós atravessávamos a avenida.”

A criança, irmãos, no meio daquele perigo, puxada pela mão do pai apressado, conseguiu contar os andares de um prédio qualquer, entre muitos que existem lá! Sabe como ela conseguiu? É porque se sentia segura pela mão do pai, podendo se concentrar na contagem dos andares. O pai dá segurança, proteção!

Por que insistimos tanto em dizer que o Espírito Santo está EM você, exercendo autoridade? Aqui está um fundamento bíblico: Romanos 5:5 diz que “A esperança não confunde porquanto o amor de Deus nos está derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi dado.” Assim, o Espírito Santo não veio sozinho, Ele trouxe o amor de Deus, que nos faz maduros, nos faz responsáveis, comprometidos, idôneos, capazes, porque a paternidade de Deus é exercida pelo Espírito Santo através do amor que foi posto EM nós.

Por isso, você deve crer no Senhor, com essa confiança de que Ele é o seu Pai, que Ele quer acabar com os seus medos e inseguranças, quer lhe curar de todas as suas mazelas, quer endireitar os seus caminhos e que você creia e descanse, pois Ele está sobre você. Ele quer que você se disponha, para que Ele possa agir por meio de você, quer usar a sua boca, a sua vida.

Então vamos agradecer a Deus, hoje, pois temos muitos motivos para agradecer. Ore porque você está vivo; ore porque você comeu, pois tem gente que não comeu; ore porque você tem uma casa, pois você não corre risco desta noite fria matar você; ore porque você tem uma casa, um cobertor grosso para se envolver... São tantos os motivos para sermos gratos a Deus, e tem gente que diz que não sabe orar... Comece com o maior motivo para se orar e agradecer: o fato do Espírito Santo estar em nós e não somente SOBRE nós, agindo ATRAVÉS de nós.

Eu não sou órfão, pois o Senhor é meu Pai! Eu tenho um Pai que me dá conforto, paz, segurança, consolo, direção...


Conclusão


Eu dizia aqui, no último domingo, que nós somos uma nação de órfãos e a orfandade é um mal diabólico neste mundo. Na Certidão de nascimento de milhões e milhões de seres humanos, neste Brasil, não consta o nome do pai. Filhos de mães solteiras. Filhos rejeitados. Os grandes ícones da nação brasileira são mulheres. Nada contra as mulheres, mas o modelo de masculinidade. Você sabe por que a tendência de homossexualidade é tão grande? É porque os filhos são criados sem os modelos de afirmação positivos da masculinidade. Para filho sem pai, a mãe é a grande heroína, é o grande modelo isolado, pois não tem pai. A criança cresce com esta semente da homossexualidade introjetada dentro dela! ― A minha mãe é que tem valor! A minha mãe resolve qualquer negócio! É minha mãe quem traz comida! É minha mãe quem cuida de mim! Meu pai não existe, não mora com a gente, me abandonou! Outros ainda dizem: ― Meu pai está lá em casa, mas é um banana! Ele não faz nada por mim! Pai ausente...

Oh, meu Deus! Como é importante essa ministração sobre a Paternidade! Eu não tenho grandes vaidades, não, mas eu gostaria de ter a mídia à minha disposição, estações de rádio, televisão, etc., para poder divulgar essa Palavra que Deus me deu, que Deus é Pai, que Ele cura a gente que tem ausência de paternidade, transformando-nos em homens e mulheres seguros, firmes, maduros, sadios! Mas como Deus não me deu essa graça de utilizar os canais competentes de longo alcance da mídia, fico contente por me dar vocês que estão me ouvindo e lendo. Quero comunicar a vocês que já estarei feliz se vocês não deixarem essa Palavra cair no chão, se vocês não desperdiçarem esta mensagem, se guardarem no coração esta Palavra!

Quem é o padroeiro do Brasil? Não tem! E aqui em Tubarão? É padroeira! é mulher! E nas cidades da região? São padroeiras! São mulheres! Há uma ausência de paternidade, uma ausência do modelo masculino! Dá uma dor no coração ver-se os adolescentes exibindo trejeitos femininos! O olho comum às vezes não percebe, mas aquele que tem o Espírito, vê!

O que se vê por aí é uma ação diabólica, uma banalização da mulher! É a mulher-objeto, objeto sexual descartável, um desnudamento físico imoral da mulher! Nós precisamos levar adiante esta Palavra, pois ela veio de Deus!

Não desperdicemos esta Palavra! Ore a Deus pedindo: ― Deus, eu quero me relacionar contigo, pelo meu Pai que Tu és! Não tentemos viver uma fé distante, mas vamos nos aproximar de Deus com intimidade! Vamos deixar a paternidade de Deus nos curar, nos acertar, nos nutrir, alimentar, capacitar!

Você tem ousadia e disposição para chegar para Deus e dizer: ― “Senhor, Tu és o meu Pai!” Rompa com essa timidez, com essa dificuldade, quebre esse paradigma, agora! Fale, declare, nem que seja baixinho, mas fale: ― “Deus, o Senhor é meu Pai!” Fale para Ele: “Deus, eu sou Teu Filho!” “Sou Tua filha!”

Já falou? Então, agradeça a Deus por isso...

Oh, Senhor, nós Te agrademos nesta hora! Louvamos o Teu nome, Senhor, pela Tua bondade e misericórdia, pois Tu estás sobre nós, ages por meio de nós e Tu estás em nós! Obrigado, Senhor, porque Tu és Deus e Pai e obrigado por tudo isso porque Tu és tudo isso em todos nós. Queremos te agradecer e pedir a cura das nossas emoções. Também queremos liberar o perdão para todos os pais que fracassaram ao exercer a paternidade e para as nossas mães que fracassaram em exercer maternidade, pedir o consolo do Espírito. Também gostaria de liberar perdão para os meus pais, que não tiveram uma vida conjugal ajustada e harmoniosa, promovendo em nós um isolamento, uma solidão, uma dificuldade de viver em grupo. Queremos liberar perdão e dizer que o Senhor, agora, faz a obra em nós. Que o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que são três em um, me cure desse isolamento e me faça acreditar e viver a vida em comunidade. Eu acredito que o Espírito Santo exerce em mim paternidade para que eu possa viver em grupo, aprender a andar em equipe! Obrigado, meu Deus, porque o Espírito Santo exerce paternidade em mim e me cura da falta de consolo, do regaço de mãe! Quero te agradecer porque o Espírito Santo está em nós e nos cura da falta de paternidade, preenche o vazio e me dá dignidade. Eu estou sendo redimido pela paternidade de Deus, amadureço e passo a cumprir o meu destino espiritual, a minha missão divina na Terra. Pretendo ser um homem que o Senhor usa, pois Tu ages por meio de nós. Que essa Palavra se cumpra em nós, que frutifique dentro de nós, em nome de Jesus.