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quarta-feira, 13 de outubro de 2010


VONTADE PERFEITA X VONTADE PERMITIDA

Pr. Bartolomeu de Andrade

Disse-me o Senhor: “Toma um grande rolo, e escreve nele com uma caneta comum: Maer-Salal-Has-Baz.” Tomei comigo fiéis testemunhas, a Urias, sacerdote, e a Zacarias, filho de Jeberequias. Então fui ter com a profetisa, e ela concebeu, e deu à luz um filho. E me disse o Senhor: “Põe-lhe o nome de Maer-Salal-Has-Baz. Antes que o menino saiba dizer meu pai ou minha mãe, as riquezas de damasco, e os despojos de Samaria serão levados pelo rei da Assíria.” Continuou o Senhor a falar comigo, dizendo: “Porque este povo desprezou as águas de Siloé que correm brandamente, e com Rezim e com o filho de Remalias se alegrou, portanto o Senhor fará vir sobre eles as águas do rio, fortes e impetuosas, isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória. As águas encherão os leitos dos rios, transbordarão por todas as suas ribanceiras, e penetrarão em Judá, inundando-o, e irão passando por ele e chegarão até o pescoço. A extensão de suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel. Alvoroçai-vos, ó povos, e sereis quebrantados; daí ouvidos, todos os que sois de longes terras. Cingi-vos e sereis feitos em pedaços. Tomai justamente conselho, e ele será dissipado; dizei a palavra, mas ela não subsistirá, pois Deus é conosco. (Isaías 8:1-10)


Quando vos disserem: Consultai os médiuns e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram entre dentes, respondei: Acaso não consultará um povo a seu Deus? Acaso a favor dos vivos se consultarão os mortos?

À lei e ao Testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva. Passarão pela terra duramente oprimidos e famintos, e será que, tendo fome, e enfurecendo-se, amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus, olhando para cima. Então olharão para a terra, e verão somente angústia e escuridão, e sombras de ansiedade, e serão lançados em densas trevas. (Isaías 8:19-22)


Na época do profeta Samuel, estava acontecendo uma situação semelhante a que enfrentamos hoje em dia. Procurava-se um homem que resolvesse os problemas do povo, um homem que os dirigisse, pois a instabilidade emocional era tal, que esqueciam de Deus, e colocavam todas as suas esperanças nos ombros de um homem como outro qualquer.

Vivia Israel o fim dos tempos dos Juízes, forma de governo instituída por Deus, num momento em que outro tipo de governo estava se fazendo necessário. Samuel era o homem da transição, um homem já entrado em anos, e que fora separado por Deus para ser líder, profeta e juiz de Israel.


A origem de Samuel


Para que se entenda melhor a importância que tinha Samuel perante Deus, é bom que se retroceda até à época do seu nascimento, pois uma série de fatores contribuíram para que ele se transformasse num grande ungido do Senhor.

Ana, sua mãe, era estéril, e isso fazia dela uma mulher de segunda categoria, na época. Mas ela buscava a presença de Deus no templo, onde chorava, clamava, derramava todo o seu sofrimento diante da pessoa certa: Deus. Agia certo, pois muitos de nós só recorremos a Deus em último caso, só depois de esgotarmos todas as possibilidades humanas.

Ana era mulher de atitudes corretas diante de Deus, crendo fervorosamente nas Suas soluções. E Deus, como resposta, operou na sua vida, abrindo-lhe a madre, transformando-a na mãe mais feliz que se tinha notícia. Deus é capaz de operar no mundo animal, no mundo dos homens, na natureza, e até nas coisas que estão além da vida, numa outra dimensão. Até a morte pode ser repensada por Deus, pois Ele é a ressurreição e a vida.

E Ana concebeu, livrando-se da vergonha que a infertilidade trazia naquela época. No seu entendimento costumeiro, logo percebe que aquela criança não lhe pertencia, que era fruto da vontade expressa do Criador. Ali mesmo, ela resolveu entregar o bebê aos cuidados do sumo sacerdote, que o criaria adequadamente para esse fim, para o serviço do templo.


O resultado da boa escolha


Samuel é esse ser escolhido, o resultado da fé operosa de uma mulher. Foi juiz, foi profeta, serviu de elo na transição entre um tipo de administração e outra do Povo de Deus: do sistema de juízes para a monarquia.

Envelhecendo, ele aguardava no Senhor uma solução para o seu povo, mas o fazia pacientemente. Agiu corretamente, diferente da maioria de nós, que não sabe aguardar o tempo estabelecido por Deus.

Com o tempo passando, Samuel colocara seus filhos como juízes, os quais não se comportaram com a mesma retidão do pai. Os nossos passos, hoje, devem seguir as pisadas de Jesus, para que nossos filhos copiem bem o nosso caminhar. Que responsabilidade têm os pais! A primeira imagem que os filhos têm de Deus passa pela figura paterna. Nós, obrigatoriamente, precisamos refletir a imagem de Deus!


A herança rejeitada


Samuel, segundo as Escrituras, foi um homem excelente diante de Deus, e deve ter sido também um pai excelente, um reflexo de Deus para seus filhos. Porém, esses, não sabemos por quê, não seguiram o seus passos. Diz o versículo 3 que eles se inclinaram à avareza, cometendo injustiças em troca de presentes. Perverteram-se! E ainda se pensa que suborno é coisa dos nossos dias! Como se vê, é coisa muito antiga!

É comum homens poderosos se perverterem, no momento em que têm o julgamento em suas mãos. Tiram partido do seu poder de decisão, o que prova que não merecem a autoridade recebida. Temos que buscar graça de Deus para lidarmos com essas coisas. Precisamos aprender a pôr Deus acima dessas coisas.

Faziam “vista grossa”! Esse é um comportamento muito parecido com os nossos tempos! Todos querem ocupar cargos, para poderem tirar vantagens pessoais. A corrupção, como já dissemos, é uma prática demoníaca de longa data, e que precisa ser erradicada do nosso meio!

Os Juízes de Israel eram toda a autoridade da época sobre o povo, funcionando como o legislativo, o executivo e o judiciário ao mesmo tempo. Era poder demais para uma pessoa despreparada! Nos nossos dias, é comum ver-se Igrejas Evangélicas cedendo seus púlpitos para políticos com cheiro de nicotina na boca! São pessoas tomando o lugar santo para tirarem proveito político, vantagens pessoais, lugar onde só deveria servir para se pregar a Palavra de Deus. São pessoas que nem entendem como funciona uma Igreja; apenas querem tirar vantagens dela.

Cada um será responsável pela sua atitude: quem usa o púlpito por razões ilícitas, e quem autoriza o uso do mesmo para esse fim! Barganhas vergonhosas de favores!


A corrupção cansa o povo


Agora, voltamos definitivamente para o quadro político-administrativo de Israel, do tempo de Samuel: o povo estava se rebelando diante das injustiças cometidas pelos Juízes, e procuraram Samuel para que passassem a ter um rei, exatamente como as nações vizinhas.

Estava tudo errado! Não é pelo erro interno de Juízes que se justifica procurar imitar seus vizinhos! Afinal, era Deus quem estava governando Israel! Esse povo tinha um governo teocrático! Porém, o povo preferia ser guiado por um homem, ao invés de ser guiado por Deus!

Samuel aborreceu-se, diante dessa pretensão do povo em copiar nações pecaminosas, pervertidas e idólatras. Ele orou preocupado e Deus o confortou, revelando-lhe que quem estava sendo preterido era Ele mesmo, e não Samuel. Ordenou-lhe que ficasse firme, e não se preocupasse, pois toda aquela situação não era culpa dele.

A partir daí, Deus ordena-lhe que comunicasse a Israel como funcionaria o novo tipo de governo que pretendiam. Deus estava fazendo a vontade daquele povo desobediente, irredutível, pois queriam um rei, queriam ser iguais aos vizinhos pagãos, povos que não viviam sob a proteção de Deus. Estavam cegos.

E, seguindo a orientação de Deus, Samuel escolheu a Saul, um homem que parecia ser o indicado, porém foi escolhido antes do tempo da transição, antes do tempo de Deus. É preciso paciência! Precisamos aprender a esperar pela solução de Deus, pela direção que Ele aponta! Nós não devemos viver pela vontade permitida de Deus, mas pela Sua vontade perfeita! Nós costumamos “forçar a barra”, como se diz na gíria. Queremos que Deus nos conceda as coisas, segundo a nossa vontade!

Aprendamos, irmãos, que vontade perfeita é a vontade que sai, inteira e completa, do coração de Deus, enquanto que vontade permitida é aquela que Deus nos concede, de tanto que nós insistimos em pedir: Deus cede, mas aquilo não provém d’Ele; pode não ser o melhor para nós; pode não dar certo!

Explicando de maneira mais ilustrativa, essa situação seria igual a daquela mocinha que quer casar, mas quer que seja com aquele moço que escolheu. Ela pede, pede, insiste tanto em orações, que Deus lhe concede. Possivelmente essa pessoa não seria a melhor opção, mas Deus foi atropelado! A pessoa escolhida continua não sendo a melhor opção, mas Deus cede às orações insistentes.

Foi assim com Saul, que trouxe muitos problemas para Israel. Saul foi o resultado da precipitação do povo! Podemos afirmar que, se tivessem esperado pela vontade perfeita de Deus, isso não teria acontecido.

Tome cuidado, pois você pode se arrepender de buscar com tanta insistência a vontade permitida de Deus! Não dê um passo sem que Deus te fale, sem que Deus te oriente! Tenha paciência! Não precipite os acontecimentos!

Eu, particularmente, já passei por essa experiência amarga! Precipitei acontecimentos por falta de paciência. Nós precisamos orar, pedir a Deus que nos mostre o Seu propósito, a Sua vontade perfeita.

Existe um salmo que diz que Deus nos fará andar por caminhos que Seus próprios pés abriram. Temos que ter cuidado, pois se andarmos por conta própria, acabaremos pisando em espinhos! Quantos se aventuraram em tantas coisas, negócios, casamento, e se arrependeram! Não tiveram paciência! Precipitaram-se!

Tem gente que gosta de imitar o vizinho, o parente, querendo sempre a mesma bênção que o outro recebeu! Não faça isso! Busque a sua própria bênção! Busque a direção de Deus! Faça como Jesus no Getsêmani: submeteu-se à vontade de Deus, mesmo sabendo que iria atravessar um caminho doloroso.

A estrada do sucesso é aquela que Deus nos abre, e não aquela trilhada pelos outros! Busque, diante de Deus, aquilo que diz respeito à tua própria identidade! Que seja feita a vontade de Deus, e não a nossa!

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